19/01/2014 às 13h05min - Atualizada em 19/01/2014 às 13h05min

Parque Nacional da Serra da Capivara pode ficar sem segurança

Em crise financeira, parque pode ter sua segurança reduzida a partir do próximo mês, tornando-se vulnerável a exploradores e pichadores.

Folha de São Paulo

DANIEL CARVALHO

A maior concentração de sítios arqueológicos conhecida nas Américas, o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) passa por mais uma crise financeira e pode ter sua segurança reduzida a partir do próximo mês, tornando-se vulnerável a exploradores e pichadores.

Esta não é a primeira vez que a Fumdham (Fundação Museu do Homem Americano), que administra o parque em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), ameaça encerrar suas atividades por falta de verba.

Mas, agora, a presidente da fundação, a arqueóloga Niède Guidon, tomou uma medida drástica: no início do ano, deu aviso prévio aos cerca de cem funcionários que trabalham no parque.

Ela diz que pretende vender os seis veículos da Fumdham para pagar as rescisões contratuais. O ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tem apenas dois servidores no parque. Os 34 seguranças contratados pelo instituto são terceirizados.

  Editoria de Arte/Folhapress  
PASSADO PRESERVADO Parque da Serra da Capivara abriga importantes sítios arqueológicos

PASSADO PRESERVADO Parque da Serra da Capivara abriga importantes sítios arqueológicos

PASSADO PRESERVADO Parque da Serra da Capivara abriga importantes sítios arqueológicos

O chefe do parque, Fernando Tizianel, disse que, com a saída da fundação, seus vigilantes terão de deixar de fazer rondas para assumir as guaritas controladas hoje pela Fumdham.
"Não vamos conseguir manter no mesmo nível. O prejuízo é inegável", disse.

Segundo Guidon, por questões financeiras, das 28 guaritas do parque, que é Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, só 12 têm guarda. "É uma tristeza, mas o dinheiro em caixa dá para pagar só janeiro", disse a arqueóloga. "Se até o dia 31 não chegar dinheiro, teremos que despedir os funcionários."

Ela diz ter gasto fixo mensal em torno de R$ 400 mil, mas, neste mês, a reserva é de R$ 225 mil, sobra de um patrocínio de R$ 1,3 milhão da Petrobras no ano passado.

O ICMBio não repassa um valor fixo à fundação e o último aporte, de R$ 2,6 milhões, foi feito em junho de 2012, segundo a Fumdham.

Guidon disse ter pedido socorro ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no início de 2013, mas não teve resposta.

O Parque Nacional da Serra da Capivara tem 129 mil hectares e foi criado em 1979.No local, há mais de mil sítios arqueológicos pré-históricos.

O parque recebe, por ano, 20 mil pessoas. Os ingressos custam R$ 25, mas brasileiros e residentes no país pagam meia. A administração diz que o dinheiro vai para o governo federal.

OUTRO LADO

Em nota, o ICMBio informou que, mesmo que a saída da Fumdham se confirme, a segurança do parque está garantida. O instituto disse ter gasto R$ 908 mil no ano passado com vigilância. O orçamento deste ano, no entanto, ainda não foi definido.

O instituto afirmou também que há R$ 500 mil de compensação ambiental reservados para a unidade. Mas esses recursos só poderão ser liberados após a análise das contas de 2013 da Fumdham.

A Petrobras não informou se vai renovar o patrocínio, que vence em março. Já o Iphan disse que distribuirá R$ 500 mil entre 50 sítios arqueológicos neste ano, mas não há previsão para liberar os recursos. 


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