08/03/2014 às 15h25min - Atualizada em 08/03/2014 às 15h25min

Deputado Jesus Rodrigues declara que não disputará a reeleição

Dentre os motivos, o parlamentar cita alto custo da disputa eleitoral e isolamento dentro do partido

Portal Corrente

O Deputado Federal Jesus Rodrigues (PT) enviou uma carta à presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Regina Sousa, onde declara que não irá participar do pleito eleitoral neste ano de 2014. Dentre as justificativas, o deputado afirma primeiramente que tomou a decisão por motivos financeiros, pois reconhece que a disputa, no atual sistema político,  exige vultuosas somas em dinheiro e que não estaria disposto a se desfazer de parte do seu patrimônio.

Posteriormente, o deputado afirma que se encontra isolado no partido e que não encontra vantagem na unanimidade dentro do atual contexto do partido. " Com minha voz isolada, fazia valer o pensamento de Nelson Rodrigues de que toda unanimidade é burra; agora a unanimidade está feita, espero que a mesma seja inteligente como a de um time de futebol (...)".

Ao final, Jesus Rodrigues declara que retomará a frente da sua empresa, de onde esteve afastado, por 12 anos, em decorrência de sua opção ideológica. "Com isso reforço minha convicção de querer viver para a política e não da política. Acredito no seu poder transformador, mas sei também que não é apenas com cargos ou mandatos que ajudamos a construir uma sociedade melhor".

Leia o conteúdo da carta na íntegra: 

Teresina-PI, 08 de Março de 2014.
 
Ilustríssima Sra Regina Sousa
Presidente Estadual do Partido dos Trabalhadores
 
 
Venho informar a esta Presidência e aos demais membros do Partido que tomei uma decisão, de fórum íntimo é verdade, de não disputar a reeleição neste ano de 2014. Em respeito aos demais filiados, aos simpatizantes e a todos os piauienses, especialmente aqueles que me apoiaram e confiaram a mim um mandato na Câmara Federal, por acreditarem no meu caráter e nas minhas propostas, venho explicar alguns dos motivos que me levaram a tomar essa decisão.
 
Um deles é a questão financeira, uma vez que as campanhas, no atual sistema político, requerem cada vez mais o emprego de somas vultosas. Seria necessário dispor de uma parte importante do patrimônio da minha família, do qual já usei em 2010 para realizar o sonho de ser Deputado Federal. Nesse contexto, aproveito a oportunidade para defender uma reforma política que, entre outras coisas, modifique substancialmente o financiamento das campanhas de modo a permitir um equilíbrio entre todas as candidaturas. Dessa forma estaríamos diminuindo ou retirando uma ameaça à democracia que é  influência do poder econômico nas eleições e a tentativa de ingerência dos financiadores sobre gestões e mandatos em geral.
 
O outro motivo refere-se à resposta de que minha posição era minoritária ou isolada em relação ao artigo que encaminhei à presidência do PT e ao líder maior da coligação alertando para o risco de desequilíbrio nas candidaturas proporcionais. Nessa condição, decidi deixar o Partido completamente à vontade para adotar a postura e a estratégia que for mais conveniente. Da mesma forma que em 2006 retirei minha candidatura por uma tática política, mais uma vez faço isso e saio da disputa pela reeleição em 2014. Com minha voz isolada, fazia valer o pensamento de Nelson Rodrigues de que toda unanimidade é burra; agora a unanimidade está feita, espero que a mesma seja inteligente como a de um time de futebol bem treinado ou a unanimidade de uma orquestra bem regida.
 
Como é do meu perfil, sempre procuro encarar as situações pelo lado positivo e um deles é que vou retomar a frente da minha empresa da qual estou afastado há quase 12 anos em decorrência da minha opção ideológica. Com isso reforço minha convicção de querer viver para a política e não da política. Acredito no seu poder transformador, mas sei também que não é apenas com cargos ou mandatos que ajudamos a construir uma sociedade melhor. Vou buscar colocar em prática minhas ideias de agricultura familiar, destravar um projeto com catadores de material reciclado e também concluir um livro no qual pretendo expor as ideias que venho juntando e lapidando nesse pouco mais de meio século de vida.
 
Por fim, reitero que até o final do meu mandato, em janeiro de 2015, continuaremos trabalhando com o mesmo afinco pelo povo do Brasil, do Nordeste e, em especial, pelo povo do Piauí, que me confiou este mandato de Deputado Federal.
 
 
Jesus Rodrigues Alves
Deputado Federal (PT-PI)

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