11/01/2015 às 09h39min - Atualizada em 11/01/2015 às 09h39min

Hospital Regional de Corrente fecha emergência no final de semana, deixando população sem opção para atendimento médico

Ausência de direção, afastamento de profissionais contratados, falta de remédios e até falta de comida são os motivos alegados pelos médicos

Portal Corrente

Quem necessitar dos serviços de urgência e emergência do Hospital Regional de Corrente neste final de semana encontrará um quadro inusitado: sem médicos nem enfermeiros, o enfermo terá que procurar por clínicas particulares ou encaminhar-se, por conta própria, aos hospitais da Bahia, já que há superlotação dos hospitais de Bom Jesus e de outras cidades da região também inviabilizarão o atendimento médico.

Sabe-se que os médicos reuniram-se em caráter de emergência na última sexta-feira (9), dadas as  condições de trabalho: falta de medicamentos, inclusive os básicos, como soro fisiológico, remédios para febre, gaze, ataduras e termômetros; falta de alimentação para servir aos pacientes, salários atrasados de parte da equipe e número insuficiente de médicos e outros profissionais para cumprir as escalas dos plantões, que estão sendo administrados pelos próprios médicos, já que desde o dia 31 de dezembro o hospital encontra-se sem direção. Diante das condições inviáveis de trabalho, decidiram suspender o atendimento médico durante o final de semana.

A Promotora de Justiça da comarca de Corrente, Gilvânia Alves Viana, informou ao Portal Corrente na tarde deste sábado (10) que tentou entrar em contato com a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI), sem sucesso. “O fato de estarmos no final de semana dificulta a ação do Ministério Público, mas em conversa com o ex-diretor clínico do hospital, Dr. Jean Carlos Félix, fui informada das dificuldades e da falta de condições de trabalho, principalmente por causa da ausência de direção no hospital, o que resultou no afastamento dos profissionais contratados. Os médicos efetivos estão cumprindo plantões de 12h e até 24h, e não há condições de ampliar esta jornada de trabalho, que está no limite”, colocou.

Sobre a direção do hospital, a promotora afirma que a SESAPI publicou uma nota informando que diretores interinos haviam sido nomeados para os hospitais do interior, mas nenhuma informação foi enviada à administração do hospital. “Sabemos que no hospital de Curimatá o diretor já assumiu o seu cargo, mas os hospitais de Corrente e Bom Jesus ainda aguardam pela chegada de alguém que assuma a direção e determine as medidas de emergência que serão tomadas”.

A promotora também informou que faria uma visita ao hospital ainda na tarde de sábado, com o intuito de constatar as condições relatadas pelos médicos.

Apesar da saúde ser um direito básico assegurado pela Constituição Federal, na prática os brasileiros tem sido vítima do descaso e das mazelas políticas, principalmente na troca de mandatos entre os agentes públicos.  A Lei de Responsabilidade Fiscal tem impedido verdadeiros assaltos aos cofres públicos, mas leis que assegurem uma transição de mandatos segura e responsável ainda precisam ser aperfeiçoadas. As emergências médicas são situação inevitáveis, não há como prever uma crise de saúde ou um acidente.

Durante todo o sábado, diversas pessoas procuraram atendimento no hospital, sem sucesso, a exemplo de uma gestante em trabalho de parto que chegou por volta das 14h em uma ambulância do SAMU, da cidade de Riacho Frio, que nem mesmo foi avaliada. A central do SAMU orientou os motoristas que seguissem para o hospital Gilbués, que é de conhecimento geral que não realiza partos. 


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