09/04/2015 às 01h23min - Atualizada em 09/04/2015 às 01h23min

Pais de Eduardo negam versão da polícia e afirmam que soldado estava a poucos metros do menino

Mãe do menino declarou que reconheceria o soldado em meio a um milhão

Portal Corrente

Por Viviane Setragni

A mãe de Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, assassinado na porta de casa no conjunto de favelas do Alemão no Rio de Janeiro no final da tarde da última quinta-feira (2), negou veementemente a versão dos soldados que participaram da operação, em matéria publicada no site O Globo nesta terça-feira (8).

Segundo Teresinha de Jesus Ferreira, o menino foi atingido por um tiro disparado durante uma ação silenciosa da Polícia Militar. “Na hora que o meu filho foi atingido não estava acontecendo nenhum tiroteio, disso eu tenho certeza! Você acha que se eu tivesse ouvido algum tiro eu deixaria  a casa aberta e meu filho brincando na porta de casa? Qualquer morador de lá sabe que quando acontece algum tiroteio a gente se tranca dentro de casa, com medo de morrer com bala perdida!”, declarou dona Teresinha.

Sobre a distância do policial em relação ao menino no momento do tiro, os pais são enfáticos em afirmar que ele estava muito perto. “Eu moro na travessa Lagoinha, da Comunidade da Grota. O Areal fica do outro lado, tem centenas de casas no meio, é impossível que ele estivesse tão longe”, declarou o pai, José Maria Ferreira.

A mãe ainda relatou com detalhes o momento da tragédia. “Quando ouvi o tiro, pensei que um vizinho, que fazia serviço de pedreiro ali perto tivesse sido atingido. Fui para a sala e vi a mancha de sangue, quando saí correndo, vi e me desesperei com o corpo do meu filho caído depois da escada. Eu saí gritando e agarrei o policial que segurava o fuzil pelo colete e perguntei por que ele tinha feito aquilo. Ele ainda disse que tinha matado um filho de vagabundo! Eu nunca vou esquecer a cara dele!”.

Quanto à identidade do policial, a mãe afirma que não havia nome na farda, mas que lembra com nitidez das características físicas. “Ele era negro, alto e careca, o primeiro da fila e reconheço ele no meio de um milhão de policiais! Eu quero sim ficar cara a cara com ele e perguntar se ele não tem filho e por que ele matou o meu!”.

A família, que está sendo assistida por um oficial enviado pelo Governo do Estado do Piauí, afirma que volta ao Rio de Janeiro muito contrariada, mas que pretende retornar à Corrente para morar. “Vamos até lá resolver todas as pendencias e voltaremos o mais rápido possível. Queremos esquecer toda essa tragédia e tentar recomeçar a nossa vida”, declarou seu  José. 


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