17/08/2015 às 21h29min - Atualizada em 17/08/2015 às 21h29min

Faibra: alunos teriam que pagar até R$ 1,5 mil por diploma de graduação

JÉSSYCA LAGES NEGOU ATUAÇÃO no interior, mas alunos denunciaram irregularidades

180Graus

Apesar da proprietária da Faibra (Faculdade Integrada do Brasil) Jéssyca Lages, ter negado que mantém cursos de graduação fora da sua sede em Teresina, vários alunos do interior do Piauí, bem como do Maranhão, entraram em contato através do e-mail[email protected]  parainformar que estão matriculados na instituição e estudam em suas cidades, em aulas que são realizadas a cada 15 dias, ou uma vez por mês.

Como na ação civil pública movida pelo Ministério Público do Pará mostrou, o esquema consiste em usar outra instituição de fachada, mas os diplomas são da Faibra, como se os alunos tivessem estudado em Teresina.

Segundo o MEC (Ministério da Educação) a Faibra só tem autorização para ofertar o curso de Pedagogia em sua sede, no centro de Teresina, mas para burlar a lei, ou oferece ‘cursos de extensão’, que na verdade serão aproveitados como de graduação ou usa estas instituições de fachada.

A faculdade também não tem autorização para aula do EAD (Educação a Distância), portanto, qualquer curso de graduação desta instituição fora da sua sede é irregular.

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O ESQUEMA
A Faibra vai às cidades do interior com a ‘desculpa’ de oferecer cursos de extensão, mas para os alunos, são ofertadas graduações, que eles podem aproveitar ao final para garantirem seu diploma da faculdade, como se tivessem cursado na sede. Foi desta forma que o Ministério Público Federal do Pará classificou o trabalho da Faibra. A Justiça Federal decidiu no mês passado determinar o fim de qualquer atividade da instituição naquele estado.

Folheto mostra que Faibra oferecia curso de extensão para que alunos tivessem acesso às graduações

Folheto mostra que Faibra oferecia curso de extensão para que alunos tivessem acesso às graduações

Folheto mostra que Faibra oferecia curso de extensão para que alunos tivessem acesso às graduações

Quando tem um número ideal de matriculados, formam as turmas e iniciam as aulas. Em algumas cidades a aula é um sábado por mês, de 8h às 17h, em outra há também uma aula no domingo, de 8h às 13h. Cada aluno paga aproximadamente R$ 200 e pensa que realmente está cursando uma graduação.

Jéssyca Lages negou a atuação da Faibra no interior do estado, mas alunos contaram outra história...

Jéssyca Lages negou a atuação da Faibra no interior do estado, mas alunos contaram outra história...

Jéssyca Lages negou a atuação da Faibra no interior do estado, mas alunos contaram outra história...

COBRANÇA ABUSIVA PELO DIPLOMA
Uma ex-aluna da cidade de Água Branca entrou na justiça para tentar resolver uma situação no mínimo vexatória. Ela cursou pedagogia numa instituição chamada Fateb (Faculdade de Teologia do Brasil), só que quem faria a expedição do Diploma seria a Faibra. Ao fim do curso, em 2011, foi informada que para receber o diploma teria que pagar R$ 1 mil. Ela pagou, mas até hoje não recebeu. O que prova o envolvimento da Faibra, é o histórico da aluna, em nome da instituição. Outra coisa estranha é que quando a aluna pagou o valor, o coordenador do curso em vez de colocar no recibo que era referente ao diploma, disse à aluna que colocaria com se fossem mensalidades atrasadas, mesmo assim, ela ainda não o recebeu.

Processo movido contra a Faibra

Processo movido contra a Faibra

Processo movido contra a Faibra

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O TEMPO PASSOU, E O PREÇO AUMENTOU
Nesta sexta-feira (14/08) recebemos no e-mail [email protected] a informação de uma aluna que assiste aula a cada 15 dias em Monsenhor Gil, perto de se formar também pela Fateb, terá que pagar R$ 1,5 se quiser o diploma da Faibra, mas segundo os coordenadores da faculdade, esse valor é uma ‘taxa’ do MEC. A Instituição realmente sabe tirar dinheiro de todo lugar, de todo jeito.

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IRREGULARIDADES
A mesma forma que agia no Pará, a Faibra age em outros municípios. “A Faibra ofertava cursos ‘livres’, de ‘extensão’, entre outros nomes dados pela instituição, a preços mais baratos aos alunos desses municípios, com custo bem reduzido, uma vez que as aulas eram ministradas em escolas públicas, por professores sem a qualificação exigida, quinzenalmente, aos finais de semana, e sem qualquer fiscalização do MEC. Ao final do curso, eles aplicam uma ‘prova’ ao aluno, dizendo que se trata do instituto de aproveitamento dos estudos previsto na legislação e o aluno recebia o diploma de graduação como se tivesse cursado nas dependências da faculdade, em Teresina. Tal prática é ilegal e vedada pela legislação. Nesse sentido a consultoria jurídica do MEC, em procedimento análogo, se manifestou”, diz a ação civil pública do MPF do Pará.

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ESCLARECIMENTO
Aos seus alunos, a Faibra enviou um esclarecimento com o objetivo de se explicar. O problema é que o comunicado de três páginas pouco informa ou tira as dúvidas dos alunos sobre as irregularidades praticadas pela faculdade. Fala basicamente da legalidade em se oferecer cursos de extensão e o credenciamento no MEC. Mas esse não é o problema. A faculdade precisa explicar agora aos seus alunos porque oferece cursos de graduação fora de Teresina se tem ciência que não pode fazê-lo.

Esclarecimento enviado aos alunos

Esclarecimento enviado aos alunos

Esclarecimento enviado aos alunos

OS DIREITOS
Os alunos da Faibra no estado do Pará foram amparados pela justiça que classificou como um dano aos direitos do consumidor. A justiça do Piauí começa a se movimentar para apurar o caso, mas antes disso, precisam de um esclarecimento contundente da faculdade para justificar a prática.

FAIBRA SERÁ ANFITRIÃ DE EVENTO REGIONAL
O II Seminário Estadual de Práticas Educativas, Memórias e Oralidades (SEPEMO) será realizado de 21 a 23 de agosto em Teresina sediado pela Faibra. O evento é um encontro entre pesquisadores, professores, alunos de pós-graduação e graduação e demais interessados em discutir sobre a História da Educação.

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Entre os convidados estão Isabel Maria Sabino de Farias (UECE), José Gerardo Vasconcelos (UFC), Edilson Silva Castro (FMB) e pai da Jéssyca Lages, Robson Carlos da Silva (UESPI), Marcizo Veimar Cordeiro Viana Filho (um dos diretores da FAIBRA) e secretária de educação Rejane Dias, que ainda não confirmou. Participam também Dr. Emanuel Luis Roque Soares (UFRB), Drª. Lia Machado Fiuza Fialho (UECE), Dr. Antônio Luiz de Oliveira Barreto (UECE), Ms. Benedita Severiano Sousa (FAIBRA), Dra. Shara Jane Holanda Costa Adad (UFPI), Dr. José Gerardo Vasconcelos (UFC), Dr. José Rogério Santana (UFC), Ms. José Ribamar de Brito Sousa (FAIBRA), Dr. Robson Carlos da Silva (UESPI), Dr. Rui Martinho Rodrigues (UFC) e Dra. Salânia Maria Barbosa Melo (UESPI/UEMA.

Será que esses mestres da educação realmente vão aceitar ter as suas imagens associadas a Faibra, envolvida com tantas irregularidades e que presta um desserviço à sociedade?

ASSISTA O VÍDEO EDITORIAL SOBRE O CASO FAIBRA

JUSTIÇA DO PIAUÍ COMEÇA A ATUAR
A reportagem recebeu informações de que o Ministério Público na cidade de Corrente já encaminhou ao Ministério Público Federal as informações sobre as irregularidades, pois é de competência do órgão federal. Uma audiência foi realizada nesta quinta-feira (13/07) de um processo movido por professores que estudaram na Faibra e que tiveram seus diplomas rejeitados pelo conselho municipal de Educação, porque o curso era irregular. Pode demorar, mas assim como na Bahia e no Pará, práticas como estas devem ser evitadas.


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