14/06/2016 às 22h50min - Atualizada em 14/06/2016 às 22h50min

Estado do Piauí corre o risco de perder status de estado livre da Febre Aftosa, denunciam fiscais agropecuários em greve da Adapi

Grandioso ato de greve foi realizado na última sexta-feira (10) em Corrente

Viviane Setragni
Portal Corrente

Servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi), agropecuaristas, negociantes, agentes bancários e pequenos produtores rurais de Corrente e de municípios do extremo sul do estado do Piauí e de estados vizinhos realizaram na manhã da última sexta-feira, 10 de junho, um grandioso ato de greve nas principais ruas de Corrente. Cavalos, motos, carros, caminhonetes e dezenas de caminhões boiadeiros percorreram as principais ruas da cidade, chamando a atenção da população pela grandiosidade do comboio.

A ação teve como objetivo levar ao conhecimento da sociedade e da imprensa a situação de sucateamento do órgão, que há mais de um ano tem os seus recursos diminuídos drasticamente pelo governo do estado, inviabilizando até mesmo as operações mais básicas, como emissões de Guia de Transporte Animal (GTA), quanto mais ações de fiscalização.

Em greve desde o dia 18 de maio, os servidores reivindicam na sua pauta a exclusão da ADAPI da Lei 6772/16 que retira direitos dos servidores, melhoria de condições de trabalho, aprovação do Projeto de Lei de Alteração do Plano de cargos e fim da indicação política para cargos da área técnica e reestruturação da autarquia.

“Nós vimos os recursos serem diminuídos de uma forma absurda – não temos gasolina, não temos os devidos recursos para as fiscalizações e até tinta pra impressora falta. Sensibilizados com a situação dos pronafianos, levamos as guias para serem emitidas em nossas casas, mas de forma geral tudo para, porque não há como emitir uma simples guia”, coloca o engenheiro agrônomo Uendel Moreira Lino, agente de fiscalização.

O médico veterinário Leonan Nogueira Meireles afirma que as operações de fiscalização aos poucos foram sendo reduzidas a meros expedientes burocráticos e hoje praticamente todo efetivo da Agência no estado trabalha no escritório. “Corremos um sério risco de perdermos o status de estado livre da febre aftosa e de termos de volta as barreiras sanitárias, que tantos anos lutamos para derrubar”, enfatiza.

O assistente de coordenação do Agroamigo,programa de crédito do Banco do Nordeste, Gladson Batista de Castro, também presente no ato, apresentou os números do prejuízo do banco com a ação deficiente da Adapi em um ano e meio “De janeiro de 2015 a junho de 2016, 152 operações de crédito, somando R$ 608 mil reais foram canceladas por causa de problemas em decorrência da falta de apresentação de documentos que deveriam ser emitidos pela ADAPI. Problemas gerados por falta de tinta para impressora, falta de papel, greves, falta de gasolina, então o prejuízo é muito grande, não somente para o banco mas também para a região que deixa de ter um volume considerável de dinheiro circulando”, colocou.


O negociante de gado Roberto, de Parnaguá, afirma que o preço do bezerro caiu de R$ 700 reais para R$ 500 reais
por causa da greve. Ainda assim, apoia o movimento pois não vê condições de trabalho da Adapi

 

Caminhoneiros, servidores da Adapi de Corrente e de Bom Jesus, agropecuaristas e pequenos produtores rurais utilizaram o microfone na praça Joaquim Nogueira Paranaguá para manifestar a sua indignação com a situação e prestar solidariedade com a greve.

Após as manifestações, os grevistas percorreram novamente as principais ruas do centro de Corrente, acompanhados pelo comboio, retornando em seguida para o Parque de Exposição.

Não há previsão para o término da greve no estado.

 


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