09/07/2016 às 02h36min - Atualizada em 09/07/2016 às 02h36min

Curimatá - Tribunal do Juri condena irmão do falecido juiz Osório a 37 anos de prisão

O julgamento aconteceu, na quarta-feira, dia 06, na cidade de Curimatá

WANESSA GOMMES

Fidel Caster Nonato Bastos, irmão do juiz aposentado e já falecido Osório Marques Bastos, foi condenado a 37 anos de prisão por duplo homicídio pelo Tribunal do Júri. O julgamento aconteceu, na quarta-feira (06), na cidade de Curimatá. A sentença foi assinada pelo Juiz de Direito Elvio Íbsen Coutinho. 

Osório Marques Bastos, que já foi reconhecido como um dos mariores líderes do crime organizado no Piauí, faleceu em 2013. O magistrado respondia a 12 ações penais, por pistolagem, homicídios, porte ilegal de armas restritas, falsificação de cartas precatórias e favorecimento de criminosos, dentre outros delitos.

Em 2008, contando com o apoio e a proteção de seu irmão, Fidel Caster invadiu a residência de José Carlos Tavares de Lima, que seria um de seus desafetos, e matou a vítima a tiros. O réu estava acompanhado pelo comparsa Wyngredy Nunes da Silva, que também foi morto, a título de “queima de arquivo”.

Os Promotores de Justiça Ari Martins e João Malato representaram o Ministério Público durante o julgamento. O trabalho da instituição foi fundamental: na época dos acontecimentos, o Promotor de Justiça Rômulo Paulo Cordão, então respondendo pela comarca de Curimatá, conduziu as investigações e a instrução dos processos correspondentes, o que resultou na prisão dos dois irmãos. De acordo com as apurações, Fidel e Osório Bastos eram inimigos de “Zé Carlos”. Osório prestou auxílio material e intelectual para a execução do crime, inclusive fornecendo armas.

Para o promotor Rômulo Cordão, a condenação foi um marco para o combate à impunidade. “Em vida, Osório Bastos sempre desfrutou da noção de que era intocável, por sua condição de magistrado. Muitas vezes arquitetava crimes, executados por comparsas, e depois ele mesmo julgava as pessoas que acobertava. Foi acusado de participação em diversos homicídios, sem falar nos casos de venda de sentença, grilagem de terras, assaltos a bancos. Entre os diversos crimes chocantes que contaram com a participação de Osório Bastos, está a morte de José Hugo Alves Júnior, o Huguinho, morto a mando do ex-deputado federal Hidelbrando Pascoal, um assassinato cruel que chamou a atenção de todo o Brasil. Osório entregou o preso a Hidelbrando em troca de dinheiro”, relatou.

“A atuação firme do Ministério Público foi decisiva para a prisão do ex-juiz, em 2006. Agora, a condenação de Fidel Caster representa o encerramento de um ciclo de muito trabalho no enfrentamento ao crime organizado e à impunidade. Para nós e, principalmente, para a sociedade piauiense, a sentença significa uma renovação da esperança no sistema de Justiça”, finalizou.


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