24/05/2018 às 23h52min - Atualizada em 24/05/2018 às 23h52min

Sem energia elétrica, empresa encerra atividades por causa do alto preço do diesel

Por José Bonifácio Bezerra

Blog do José Bonifácio
Fotos: José Bonifácio Bezerra
A empresa Cerâmica Mota, do microempresário Celso Ferreira Mota, em funcionamento há mais de cinco anos, ininterruptos, está sendo obrigada a encerrar suas atividades por causa do elevado custo do óleo diesel.

Segundo Celso Mota, a empresa, que já teve 18 funcionários e atualmente vinha se mantendo com 6, chegou ao limite e não tem mais capacidade de cumprir com o pagamento dos salários dos trabalhadores, inclusive 13º Salário e abono de Férias. "Estou pagando para trabalhar", lamenta.

Além do alto preço do combustível estar inviabilizando o negócio, Celso Mota tem que comprar ainda o barro (argila) e a lenha, materiais indispensáveis na fabricação de tijolos furados. Aliás, com a instalação da Cerâmica Mota (antes Cerâmica Santa Filomena), melhorou muito o nível das construções, principalmente na cidade. Atualmente, graças à maior facilidade em adquirir tijolos, a preços bem mais acessíveis, quase não se constrói casas com adobe (tijolo cru) em Santa Filomena, nem mesmo na zona rural.

Sem dúvida, o fechamento da Cerâmica Mota vai causar o desemprego de seis a dez chefes de família, um problema de ordem social, e dificultar o direito a uma moradia digna e a conseqüente melhoria na qualidade de vida de muitas famílias filomenenses, fato que já é público e notório.
A Cerâmica Mota possui dois fornos, cada um com capacidade para queimar até 30 mil tijolos furados
 

“Quando começamos, a gente gastava 140 reais por dia, para produzir quatro milheiros de tijolos. Hoje gastamos quase 500 reais. E o preço do milheiro de tijolos continua 400 reais, o mesmo valor de quando começamos”, conta Celso Mota que, embora sua empresa esteja a 400 metros da BR-235/PI (estrada Gilbués/Santa Filomena), a 8 quilômetros da cidade de Santa Filomena e a apenas 6 quilômetros da rede elétrica de alta tensão (linha Gilbués/Santa Filomena - 34,5 kV), não dispõe de energia elétrica.

E acrescenta: “Mantive aqui dezoito funcionários, fui diminuindo e hoje estou com seis ou sete. Quando comecei aqui não tinha Cantina, não tinha nem a estrutura que tem hoje. Quer dizer, investi dinheiro e agora estou sem poder produzir porque está sendo inviável. O diesel ficou muito caro”.

Ainda conforme Celso Mota, a Cerâmica não só vinha gerando empregos diretos e indiretos, mas também melhorou a qualidade das construções, tendo em vista que o tijolo que vem de fora está em torno de R$ 600.

 
O galpão da Cerâmica Mota, que produzia 100 mil tijolos por mês, está vazio, sem perspectiva de retorno
 
“Se tivermos energia elétrica capaz de suprir a nossa demanda, claro que vamos ter condições de manter o preço de 400 reais ou até vender mais barato do que o valor que a gente vinha mantendo faz cinco anos. E ainda teremos a possibilidade de aumentar a produção em pelo menos 30 por cento. Ou seja; quando um dia a gente contar com energia elétrica, aí sim, vamos poder aumentar a produção e reduzir custos”, diz Celso.

Toda a produção da Cerâmica Mota - cerca de 100 milheiros mensais - vinha sendo comercializada no próprio município de Santa Filomena. São dois fornos, cada um com capacidade para “queimar” 30 mil tijolos. A última fornada foi “queimada” na terça-feira passada, 22 de maio de 2018.

A deficiência da Eletrobrás Piauí (CEPISA) em servir o município de Santa Filomena com energia elétrica, em especial, o Vale do Taquara, levou com que Celso Mota, proprietário da Cerâmica Mota, tomasse a decisão de fechar a unidade que, devido ao preço do diesel, estava operando no vermelho.

E agora? O empresário Celso Ferreira Mota, que se desfez de bens patrimoniais para adquirir o empreendimento, vai ficar no prejuízo?

Assim como Celso Mota, outros proprietários da Fazenda Recreio investiram na criação de peixes, mas tiveram que parar com a atividade. Da mesma forma, dezenas de produtores do Vale do Taquara, com terras férteis e água disponível, não conseguem trabalhar devido à falta de energia elétrica.

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