28/02/2014 às 11h05min - Atualizada em 28/02/2014 às 11h05min

Ausência de uma cadeia pública em Corrente dificulta o trabalho da polícia

Regional possui o maior índice de violência do estado

Portal Corrente

Por Viviane Setragni

O município de Corrente passou por momentos de medo e tensão, desde o último domingo, ocasionados pela fuga de 5 criminosos da 10ª Delegacia Regional de Corrente. Dentre os fugitivos,  dois eram de alta periculosidade, um já com condenações, inclusive de homicídio, e outro acusado por tráfico de drogas e porte de armas. Numa ação coordenada, entre as polícias Civil e Militar, três foram recapturados menos de 48h depois, um deles vindo à óbito no confronto, e um quarto entregou-se voluntariamente, restando apenas um dos fugitivos com paradeiro desconhecido, justamente sobre o qual recai a menor das acusações – suspeita de furto.

Atendendo a 14 municípios, a 10ª Delegacia Regional de Corrente recebe grande número de presos, acusados por diversos crimes, desde suspeita de furto, tráfico de drogas até homicídios, o que ocasionalmente resulta em superlotação das celas. Apesar da rápida resposta do judiciário, que prontamente atende às solicitações de mandatos e transferências, a distância entre a cidades de Corrente e Bom Jesus acaba por ocasionar a superlotação da delegacia, já que para realizar uma transferência há todo um protocolo a ser seguido, envolvendo diversos agentes na ação, que por várias horas ausentam-se, já que a penitenciária mais próxima encontra-se na cidade de Bom Jesus, distante 230 quilômetros de Corrente. “O Poder Judiciário sempre atende as nossas representações com a celeridade necessária, inclusive em caso de transferência de presos, porém a distância entre Corrente e Bom Jesus impossibilita o pronto cumprimento das determinações judiciais e às vezes somos obrigados a aguardar alguns dias para realizar as transferências”, declarou o delegado.  Vale registrar que durante a transferência, a delegacia fica praticamente sem efetivo, pois a operação envolve diversos agentes. A Regional de Corrente possui o maior índice de violência do interior do estado, e ao que tudo indica este ano o recorde de homicídios será superado – seis homicídios já foram registrados.

O promotor criminal do município, Rômulo Cordão, afirma que a situação é de fato preocupante, pois Corrente não possui uma cadeia pública, o que acaba ocasionando o desvirtuamento dos agentes da Polícia Civil, que são obrigados a também vigiar os presos. “O número de servidores já não é adequado à demanda e sobre eles ainda recai a responsabilidade sobre a permanência destes criminosos na delegacia. O ideal seria que o município tivesse no mínimo uma cadeia pública, onde os acusados permanecessem até sua transferência”, enfatizou o promotor.

O presidente da OAB, Subseção Corrente, Claudimiro Nunes Nogueira, também manifestou-se sobre a questão e analisou que a discussão sobre o assunto é urgente e indispensável, e deve envolver diversos setores da sociedade, como o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Ministério Público, a Secretaria Estadual de Segurança e a própria OAB. “Assim que o recesso de Carnaval terminar, iniciaremos uma discussão em torno do assunto. A realização de uma Audiência Pública é mais que urgente e não há mais como protelar esta discussão”, afirmou o advogado.


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