29/07/2013 às 17h51min - Atualizada em 29/07/2013 às 17h51min

Júlia Maria de Assis afirma em entrevista: "Eu quero é uma explicação".

Candidata ao cargo de diretora do Hospital de Corrente levanta uma série de questões sobre o processo seletivo e sobre a instituição

Portal Corrente

A enfermeira Júlia Maria de Assis, servidora efetiva do Hospital Regional de Corrente e candidata ao cargo de direção do hospital, levantou junto à mídia estadual um questionamento a respeito do processo seletivo, a partir do momento que soube que não estava classificada, tendo sido eliminada do certame sem nenhuma explicação. Em entrevista ao Portal Corrente, Júlia dá mais detalhes sobre sua denúncia.

O processo seletivo teve a participação de mais duas candidatas, sendo que uma delas fora eliminada durante o processo. A última etapa, que foi a entrevista, seria decisiva para a classificação. “Quando terminei a apresentação do meu projeto, um dos analisadores afirmou que minha proposta era de uma Gestão Plena, com atenção em todos os setores do hospital. Entendo que minha proposta foi muito bem avaliada, mas para minha surpresa, quando saiu a lista dos classificados meu nome sequer estava lá”, afirma Júlia.

A enfermeira afirma que ninguém da Secretaria de Saúde soube lhe informar quais foram as suas notas ou o motivo pelo qual foi desclassificada. “Meu currículo é melhor do que o da minha concorrente, tenho mais qualificação e mais experiência, inclusive com relação à gestão hospitalar. Quais são os critérios que são avaliados então? E por que ninguém me dá nenhuma explicação? Eu quero é que o governador nos dê uma resposta, à mim e à população que sofre neste hospital. Há um edital e de acordo com este edital trata-se de um processo seletivo, mas na prática o que percebemos é o ranço da politicagem, que é como sempre foram nomeados os diretores aqui neste hospital, sem avaliação de currículo nem de experiência profissional. Mas para que então realizar um teste seletivo, se as cartas são marcadas? Seria muito mais elegante da parte do governador que ele simplesmente indicasse a pessoa que lhe atenda os critérios políticos, sem anunciar na imprensa que fará uma seleção, sem nos fazer passar por todo esse processo desgastante”, desabafa a candidata, que ainda afirma que diversas listas diferentes foram publicadas no site da SESAPI com o nome dos classificados.

Júlia faz ainda uma série de colocações com relação à forma como o hospital

é hoje administrado. “Sabemos que entram recursos, e não são poucos. Mas a reforma que foi feita aqui foi somente na fachada, o interior do hospital continua o mesmo. Basta olhar para a emergência e a absurda condição em que ela se encontra; basta olhar para os fundos do hospital, onde nem cercado está; a reforma inacabada em setores que hoje servem de depósito de material sucateado. Não temos sequer como fazer uma medição do nível de infecção hospitalar, quanto mais de controlá-la. Falta estrutura, falta organização”.

Júlia também denuncia que os funcionários raramente recebem qualificação, sendo que muitos procedimentos se tornam ultrapassados devido à novas técnicas. Outra grave denúncia é com relação à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que não existe no Hospital. “Se eu furar meu dedo com uma agulha eu corro risco de infecção, de transmissão de doenças, e isso não é trabalhado. Se não for feita a desinfecção correta da máscara de nebulização, também há o risco de contágio. São tantas questões sérias que a população nem imagina”, afirma.

Entre as propostas apresentadas por Júlia, estaria uma efetiva integração entre o município e o hospital, pois de acordo com ela existem políticas públicas básicas que somente funcionam se ambos caminharem juntos, em parceria. Outra proposta seria a de colocar um plantão médico 24 horas, ininterrupto, pois hoje na prática ele não existe; dependendo do horário que se chega no hospital não tem médico. Júlia também apresentou uma proposta de se trazer uma maior resolutividade ao Hospital Regional, onde procedimentos complexos seriam feitos aqui mesmo, sem a necessidade de transferir a mil quilômetros de distância pacientes às vezes politraumatizados, ou recém-nascidos com problemas. “Tenho certeza de que com os equipamentos certos e uma equipe qualificada poderíamos realizar estes procedimentos aqui mesmo, sem os riscos que uma transferência como essa representa”, afirma a enfermeira.

Ao final Júlia declara que não tem nada contra a outra candidata, Shênia Ialane Carvalho, mas alfineta: “Sei que ela ocupa um cargo aqui no hospital, por indicação, trabalha no município, é coordenadora do Samu e ainda dizem que trabalha na prefeitura de Sebastião Barros. Hoje eu sou concursada aqui e no município, o que já é desgastante. Qual a fórmula mágica que ela usa eu gostaria de saber, ainda mais se assumir esse cargo”, questiona a enfermeira.

O governador Wilson Martins ainda não realizou a nomeação da candidata classificada, Shenia Ialane Carvalho, e ainda especula-se a permanência da atual diretora, Samara Sá, no cargo. Mas na prática a denúncia feita por Júlia traz à tona uma série de situações que vêm maltratando a população de Corrente, que diariamente sofre com as precárias condições do hospital que atende não somente os moradores de Corrente, mas também de toda região. A comunidade aguarda ansiosa que o governador, que também é médico e que tanto tem feito pelo extremo sul do estado, coloque finalmente os olhos sobre o Hospital Regional de Corrente e lhe proporcione o devido suporte. 


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