13/08/2019 às 09h37min - Atualizada em 13/08/2019 às 09h37min

Piauí expande educação a distância e já é referência nessa modalidade de ensino

A EAD chega a 155 municípios piauienses com cursos da educação básica, de graduação e pós-graduação.

Redação

A educação a distância no Piauí vem mudando a realidade de quem tinha apenas um sonho de ter em mãos o diploma de um curso superior. A tecnologia está contribuindo para uma educação de qualidade, bem como para a universalização da educação superior no estado. Atualmente, são mais de 10 mil alunos beneficiados com os programas Universidade Aberta do Piauí (Uapi) e Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Essa é a modalidade de ensino que mais cresce no Piauí. A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) é o órgão mantenedor do ensino a distância no estado, no qual iniciou as atividades em 2007 em parceria com as instituições de ensino superior (IES) públicas, ofertando cursos de graduação para 10 polos. Com a Superintendência de Ensino Superior (Supes), a Seduc passou a planejar e construir polos presenciais de EaD em mais municípios do Piauí.

O Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) está em 155 municípios piauienses, sendo 120 destes no programa Uapi, ofertando o curso de Administração, e 35 no programa UAB, que oferta sete cursos de graduação e 13 de pós-graduação.

O Sistema UAB é um programa instituído pelo governo federal com a ideia de reduzir as desigualdades na oferta de ensino superior, é de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e conta com 50 polos nos municípios piauienses. Desses, 37 são de responsabilidade da Seduc/Supes, como mantenedora da estrutura física, tecnológica e de gestão de coordenação; e 13 polos de responsabilidade de prefeituras/Instituto Federal do Piauí (IFPI)/Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em 2019, estão sendo ofertados os cursos de História, Espanhol, Matemática, Administração Pública, Inglês, Português e Pedagogia.

No Piauí, a dificuldade na disponibilidade de professor nos municípios do interior do estado impulsionou a iniciativa de proporcionar educação superior à população de locais distantes e isolados, assim a Uapi surgiu com a mesma proposta da UAB. Criada pelo decreto nº 16.933 de 16 de dezembro de 2016, é um programa de ensino voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no estado do Piauí, por meio de estratégias de inovação tecnológica.

 

Piauí é referência na educação a distância

Piauí é referência na educação a distância

Piauí é referência na educação a distância

 

Expansão

O secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, destaca que o Piauí é um dos estados que mais tem avançado na oferta da educação, seja ela na educação básica como também na educação de ensino superior. “O acesso escolar tem sido uma das frentes de trabalho prioritárias do governo Wellington Dias, que iniciou em 2003 um trabalho de expansão da oferta da educação no nosso estado e ações importantes foram implementadas. O sistema da UAB, sozinho, não seria capaz de levar a universalização da oferta para todos os municípios, por isso foi institucionalizada a Uapi, em 2017, um programa genuinamente piauiense, mantido com recursos do Estado; um sistema que tem como grande objetivo universalizar a oferta de ensino superior nos municípios do Piauí, com a meta de fazer com que seja o primeiro estado brasileiro que tenha a oferta de fato de vestibular em cada um dos municípios”, diz o gestor.

A superintendente de Ensino Superior da Seduc, Maria de Lourdes Lopes, explica a diferença das metodologias da UAB e da Uapi. “Enquanto que na UAB temos dois tutores para chegar até o aluno, o professor conteudista e o tutor, que leva o conhecimento da disciplina aos polos presenciais de 15 em 15 dias, aplica a prova e faz o acompanhamento durante todo o processo, tanto por meio da plataforma quanto nos encontros presenciais e tem esse papel principal no contato instituição-aluno. Já, a Uapi tem o mesmo formato em termo de estrutura, plataforma e conteúdo, porém o que difere é o uso tecnológico, que já é utilizado na educação básica, na educação profissional e na EJA desde 2012. Vendo o sucesso dessa metodologia, pensou-se em fazer o uso da mediação tecnológica na educação universitária e, nesse caso, quem ministra as aulas é o próprio professor conteudista, não tem o tutor fazendo a interlocução, o professor tem acesso direto ao aluno”, frisa a superintendente.

 

Maria de Lourdes Lopes, superintendente de Ensino Superior da Seduc

Maria de Lourdes Lopes, superintendente de Ensino Superior da Seduc

Maria de Lourdes Lopes, superintendente de Ensino Superior da Seduc

 

A implantação se deu em forma de parcerias, em especial com a Uespi, e com um conjunto de ações que leva aos municípios do estado um ensino superior de qualidade. A instituição está integrada ao Sistema da UAB e possui autorização da Capes/MEC para funcionamento dos cursos e polos.

O projeto prevê três etapas, como detalha o prof. me. Vinícius Oliveira, coordenador pedagógico da Uapi. “Na etapa um, selecionamos 60 municípios e fizemos um vestibular, esses já fizeram o primeiro período do curso e estão finalizando o segundo período. Na segunda etapa, foram novos 60 municípios, esses estão terminando o primeiro semestre. É importante frisar que a terceira etapa não vai mais envolver o curso de Administração, pois fizemos um levantamento em parceria com o Conselho de Administração sobre a demanda de profissionais no mercado. Assim, estamos vendo a viabilidade de ofertarmos o curso de Turismo, além de outras áreas que nosso estado também necessita”, detalha o docente.

O professor acrescentou ainda que o planejamento da Uapi é um esforço do governador Wellington Dias para universalizar a educação superior no estado. “A Uapi está indo para o segundo ano de execução, mas o planejamento para que isso acontecesse veio antes disso. Idealizamos com o governador, com o professor Arnaldo e a Seduc e foi a partir de muita conversa e planejamento que chegamos a um desenho final do que seria a Uapi. A parceria com o canal educação viabilizou tudo isso, o fato de podermos ter kits instalados em todas as escolas, em todos os municípios do Piauí fez com que pudéssemos tornar realidade essa proposta, que já está na segunda etapa”, destaca Vinícius.

Referência

A Universidade Aberta do Piauí é modelo e referência para outros estados por ser pioneira, dando suporte na criação da Universidade Aberta do Nordeste. O Piauí, hoje, praticamente universalizou o ensino superior, faltando apenas 62 municípios para alcançar todo o estado.

“O diferencial da nossa estratégia, e isso chama muito a atenção dos nossos parceiros, é a oportunidade de chegar aos 224 municípios criando uma possibilidade interacional. O nosso aluno, onde ele estiver, pode interagir tanto com o professor como com as outras turmas. Então, isso coloca a gente em uma lógica muito moderna, muito atual e que termina quebrando essas barreiras e essa frieza que toda a questão digital e que as novas tecnologias, por vezes, podem conferir. Portanto, não acreditamos que existem tantas diferenças de uma sala de aula presencial e virtual, esse foi o grande diferencial da nossa metodologia”, reitera Vinícius Oliveira.

A Uapi, no momento, oferta o curso de Administração a nível superior. Marco Aurélio é aluno no polo de Teresina, que funciona no Caic Professor Melo Magalhães, no bairro Promorar. Ele acaba de concluir o 2º período do curso e conta como ficou sabendo da modalidade de ensino. “Fazia Ciências da Computação no método presencial tradicional e tranquei quando vi que surgiu a possibilidade de fazer a distância o curso de Administração. O curso a distância me dá a disponibilidade de horário, não estando preso a um horário específico de aula, me possibilitando estagiar e realocar meu tempo de estudo conforme preciso. As aulas telepresenciais são aos sábados, de 15 em 15 dias, e tiramos dúvidas ao vivo com o professor. Não tenho nenhum prejuízo, a distância não atrapalha, a interação é direta com os professores pelo chat e pela plataforma, apesar de no início ter achado um pouco difícil, mas me adaptei rápido à metodologia de ensino”, conta o estudante.

De acordo com a superintendente Maria de Lourdes Lopes, há uma preocupação com a formação técnica e profissional também. “Apesar de estarmos ofertando somente o curso de Administração por enquanto, se eu me referir à mediação tecnológica temos outro braço que é o atendimento a cursos técnicos. O aluno pode ingressar na universidade ou por um caminho mais rápido para o mercado de trabalho como o curso profissional. Ofertamos, por três anos seguidos, um curso concomitante ao de Administração na área de vendas e cooperativismo, também com a metodologia da mediação tecnológica”, explica Maria.

Estrutura

Quanto à estrutura dos polos, Orisvaldo Rodrigues, gerente da Supes, fala sobre a inovação tecnológica que a UAB e Uapi tem levado aos municípios. “Os polos recebem uma estrutura de laboratório de informática com computadores conectados à internet para que os alunos possam acessar à plataforma, realizar as atividades e enviar os trabalhos. Tem também uma biblioteca e a sala de aula com o kit da mediação tecnológica. Quando o polo funciona em uma escola já existente, esta recebe essa melhoria, que está disponível também para o uso dos alunos em geral, aproveitando melhor os recursos”, comenta Rodrigues.

Segundo o professor Vinícius, o comprometimento do professor é fundamental para que o processo de ensino e aprendizagem funcione. “Hoje, temos um grupo de tutores que acompanha essa realização em cada sala de aula de cada município e os professores formadores, que são responsáveis por cada disciplina ministrada. Nesse processo, temos as mesmas preocupações de uma sala de aula normal, como fazer com que o aluno preste atenção, que ele seja bem avaliado e, principalmente, fazer com que ele tenha motivação para continuar no processo de aprendizagem”, destaca o professor.

 


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