25/05/2020 às 14h09min - Atualizada em 25/05/2020 às 14h09min

Denúncias sobre torturas na cadeia de Altos chegam ao presidente do TJ-PI

Pai de preso relata que o filho perdeu o movimento das pernas e dos braços

Arimateia Azevedo
Portal AZ

Além dos clamores das famílias à porta do Fórum Criminal, em frente ao Tribunal de Justiça do Piauí, áudios de detentos e do pai de um dos reclusos, denunciando torturas na cadeia de Altos, foram enviados ao presidente do Tribunal de Justiça do Piauí, o desembargador Sebastião Martins.

No áudio, onde ele próprio teme represália, o pai de Adriano, fala dos aterrorizantes métodos de tortura, que envolvem deslocar membros inferiores e superiores dos detentos.

Denúncias sobre torturas na cadeia de Altos chegam ao presidente do TJ-PI (Foto:Thanandro Fabricío)

“Meu filho se encontra hospitalizado e tomando medicamento, perdeu o movimento das pernas, constatado pelos médicos, onde tem pessoas interessadas em esconder esse resultado, mas como pai não posso me calar diante do que está acontecendo. Meu filho foi vítima de tortura, assim como outros presidiários que ali se encontram e outros que tiveram óbito ao darem entrada no HUT”, disse. 

O homem explicou que o filho foi diagnosticado com a síndrome de Guillain Barré. O detento teria passado um mês sendo torturado por carcereiros. 

“Após um mês sem ter informações do presídio de como estaria o Adriano, foi quando a gente teve a oportunidade por videochamada de tirar prints e ver a situação em que se encontrava o Adriano com o rosto totalmente deformado, arranhado, inchado, com manchas roxas e onde ele relatou que já estava de cadeira de rodas e não tinha mais movimentos nas pernas e, nos braços e estava com problemas respiratórios. Somente quando foi levado para clínica, tivemos uma conversa com um neurologista e de cara logo ele identificou que meu menino parecia estar com sintomas de Guillain Barré”, disse o pai do detento. 

Em conversa com o filho, ele conta que Adriano detalhou como ocorriam as torturas.  “Os carcereiros dobraram os pulso dele que os dedos batiam no antebraço. O carcereiro ficava de pé sobre as algemas colocadas nos pulsos dele, ao ponto de sentir choques de dor. O carcereiro deu um golpe de mata leão e ele chegou a desmaiar. O próprio carcereiro o reanimou com choques”, detalhou. 

O pai do detento lamenta o risco de perder o filho.  “Hoje corro o risco de perder o meu filho que está no HUT. É por isso que estou dando meu depoimento, como pais não podemos deixar impunes. Tortura é crime, seja ela qual for as circunstâncias e a gente pede ajuda aos órgãos competentes”, disse. 

Uma comissão da Vara de Execuções Penais deve fazer uma averiguação no presídio de Altos por determinação do juiz Vidal Freitas.  O presidente do TJ-PI, Sebastião Martins exige esclarecimentos sobre tais procedimentos.

Familiares e amigos dos detentos que faleceram realizaram uma manifestação, na manhã de hoje, em frente ao Fórum de Teresina. Eles estão em busca de uma respostas do poder público sobre as mortes dos internos da Cadeia Pública de Altos. Durante o ato eles rezaram e seguraram cartazes cobrando os direitos das pessoas reclusas. 

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