14/12/2023 às 08h08min - Atualizada em 14/12/2023 às 08h08min

Rafael Fonteles inaugura o Porto Piauí, obra que pode dobrar o PIB do estado

Além de fazer com que todas as exportações e importações do estado passem diretamente por território piauiense, o Porto Piauí também vai atrair novas empresas para a região, gerando emprego para a população.

Redação

Quarta-feira, dia 13 de dezembro de 2023. Uma data que entra para a história. Após décadas de espera, o Piauí passa a contar, pela primeira vez, com um porto marítimo. Com a chegada do navio da Marinha do Brasil ao mar de Luís Correia, o governador Rafael Fonteles inaugurou a obra, tão aguardada pelos piauienses.

Rafael Fonteles comemorou a inauguração dessa primeira etapa do porto, que já nasce explorando as potencialidades do estado. “O Piauí era o único estado com litoral que não possuía um porto e isso, sem dúvidas, atrapalhava o nosso desenvolvimento. Agora, possuímos um porto que só está na primeira etapa, teremos várias outras nos próximos meses e anos. Por ser um porto novo, já está nascendo com os terminais que apontam para o futuro, como o terminal de amônia, transformando o Piauí nesse hub mundial do hidrogênio, além do terminal de grãos e o terminal pesqueiro, que vai beneficiar primeiramente a cadeia da pesca”, disse Fonteles.

Rafael defendeu ainda que, com o nascimento do porto, a economia do estado pode mais do que dobrar. “Com a finalização do terminal pesqueiro e da indústria de pesca, iremos mais que dobrar o PIB de Luís Correia. E quando tivermos todos os terminais finalizados, não podemos nem mensurar o impacto que isso vai gerar. O Piauí vem crescendo na área da agropecuária, industrialização dos grãos, desenvolvimento de biocombustíveis, frigoríficos, e levando em consideração que seremos o maior fornecedor de energia limpa para o Brasil e para o mundo, sem sombra de dúvida, iremos mais que duplicar o PIB do Piauí”, complementou o governador.

A presidente do Porto Piauí, Maria Cristina, destaca os potenciais e os impactos imediatos da instalação do porto no litoral piauiense. Para ela, o porto irá agregar mais valor a produtos locais. “Iremos iniciar com operação de grãos e fertilizantes, uma demanda dos nossos produtores do sul do Piauí, que fazem o escoamento de toda a produção para outros portos mais distantes. Esse é o primeiro valor agregado ao porto, porque estaremos operando um produto que já é nosso. Além deste, surgem outras oportunidades, como o hidrogênio verde e o terminal pesqueiro, que será de grande valia, em especial para a comunidade pesqueira local, que agrega mais valor a esta cadeia local que já existe, mas precisa de uma maior organização para melhorar e desenvolver mais ainda”, desenvolveu.

O presidente da Investe Piauí, Victor Hugo, detalha a infraestrutura entregue nesta primeira etapa e os próximos passos para investimentos no equipamento. “Entregamos o porto com acesso para pequenas, médias e grandes embarcações. Temos também uma retroárea para as empresas que aqui irão investir e um parque de mercadoria com 18 mil metros quadrados. Teremos mais dois pátios a serem entregues a partir do primeiro semestre de 2024. Entregamos ainda as vias de acesso, urbanização da área, a guarita de acesso e o centro administrativo”, detalhou.

O Porto Piauí teve sua primeira fase concluída, com mais de R$ 110 milhões investidos nesta etapa, que consiste no Terminal Pesqueiro, estrategicamente pensado para impulsionar a cadeia de pescado do estado. Com o porto, o Piauí vai poder exportar e importar mercadorias pelo próprio território, gerando impostos e renda que beneficiarão a economia local.

 

Demanda por porto iniciou há séculos

A demanda por um porto pesqueiro na área tem origens que remontam ao final do século XVII, quando houve estudos para viabilização de um porto na região. No entanto, a obra só saiu do papel, de fato, séculos depois, em 1976. Desde então, houve várias retomadas e paralisações. Logo que assumiu o governo, no início de 2023, o governador Rafael Fonteles deu início aos trabalhos e, agora, inaugura a primeira de várias etapas que virão.


ZPE, intermodal e hidrogênio verde vão atrair empresas

Além de fazer com que todas as exportações e importações do estado passem diretamente por território piauiense, o Porto Piauí também vai atrair novas empresas para a região, gerando emprego para a população. Somente no pescado, que será o primeiro segmento a ser instalado na região, deve gerar 400 empregos por unidade industrial.

Além disso, uma circulação bilionária de recursos vai beneficiar a região. A previsão é de R$ 1 bilhão em investimentos, nos próximos dois anos, nos quatro terminais a serem construídos no porto: pesqueiro, de grãos, de containers e de amônia.

Outra vantagem do porto é ser vizinho à Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, a segunda do Brasil e que traz vantagens alfandegárias e de impostos para as empresas. Essa proximidade vai incentivar o surgimento de mais negócios, que podem aproveitar para escoar seus produtos.

A inauguração do Porto Piauí também ajuda a viabilizar outro projeto grandioso no Piauí: a implantação das duas maiores usinas de hidrogênio verde do mundo, que terão a pedra fundamental lançada no próximo dia 15. As empresas europeias Green Energy Park (GEP) e Solatio vão instalar os complexos na ZPE para transportar o combustível, em forma de amônia, pelo porto de Luís Correia. O investimento será de R$ 200 bilhões nos próximos dez anos, com produção de 10 GW cada usina.

Por fim, o Porto é a saída marítima de produtos que completarão o futuro intermodal do Piauí, complexo de transporte que une ferrovia, rodovias e hidrovias para facilitar o deslocamento de produtos e passageiros por todo o território do Piauí.


Terminal Pesqueiro vai impactar 30% da população de Luís Correia

O Terminal Pesqueiro de Luís Correia – que consiste na primeira etapa do Porto Piauí – vai impactar diretamente a vida de 30% da população do município. Segundo a Investe Piauí, três a cada dez habitantes do município estão envolvidos com a atividade de pesca. Existem, atualmente, 8.335 cadastrados na Secretaria de Pesca de Luís Correia.

O principal benefício que o terminal trará à vida dos pescadores é econômico, pois a indústria de pescado que será instalada junto ao terminal irá comprar a produção dos pescadores por um valor melhor.

Além disso, o Terminal Pesqueiro vai gerar bastante empregos, pois precisará de mão de obra para beneficiar o pescado. É comum as empresas contratarem as mulheres dos pescadores. Isso vai ter um impacto econômico forte na população local.

Outra vantagem do terminal é que vai gerar impostos para o Piauí. “Atualmente, uma parte significativa da produção vai para o Ceará devido à infraestrutura existente lá. O terminal permitirá que o Piauí retenha mais dessa riqueza, evitando a perda de impostos e contribuindo para a economia local”, explica Felipe Sousa.

 

Demais etapas do porto e impacto econômico

A infraestrutura, cujas obras foram retomadas no início de 2023, após anos paralisadas, consiste em três espaços distintos: o cais, a dragagem e a urbanização do local. Haverá, em princípio, mais outros três terminais no porto, de acordo com a atual vocação econômica do Piauí: terminal de grãos, terminal de amônia e de cargos e descargas em geral.

Neste momento, o Porto Piauí está apto a receber embarcações com comprimento de 60m, calado de 7m, e boca 11m. A operação de navios regulares, levando e trazendo mercadorias, será possível após a instalação de terminais específicos, que serão construídos pelas empresas interessadas em operar no local.

O Governo estima que, no segundo semestre, já haverá mercadorias sendo transportadas pelo porto, assim que o primeiro terminal ficar pronto. Segundo a Investe Piauí, já manifestaram interesse a Lion Mining, empresa que explora minério de ferro em Piripiri, além de outra companhia em transportar litotâmnio, uma espécie de calcário marinho. Até fevereiro de 2024, o Governo do Estado vai fazer o chamamento público, por meio de editais, para que as empresas interessadas possam explorar o porto e operar os terminais.

Hoje, a ida e a vinda de produtos acontecem pelos portos de Itaqui, no Maranhão, e Pecém, no Ceará, deixando recursos nesses dois estados. Para se ter uma ideia, o Piauí perde cerca de R$ 300 milhões por ano só por exportar mercadorias pelo Porto de Itaqui, em São Luís (MA).
Com o porto, toda a produção de grãos do estado, mel, minérios e outros passará a ser exportada por Luís Correia.
 

 


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