Nos últimos dias o município de São Raimundo Nonato (525 km de Teresina), viveu horas tensas, com acusações de ambos os lados na disputa pela prefeitura local. A atual prefeita, representante das irmãs Castro - oligarquia feminina que ocupa diversos cargos públicos no estado e no município -, Carmelita de Castro Silva, do Progressistas, que tenta a reeleição, teve uma série de reveses políticos com o esfacelamento do apoio de alguns aliados, em especial do Partido dos Trabalhadores (PT), que pulou da maré da reeleição.
Mas o assunto que predominou nas zonas urbana e rural, além de reverberar em todos os municípios da microrregião com ecos, inclusive, na capital Teresina, foi a possibilidade do candidato da oposição Avelar Ferreira (PSD), ser impedido de disputar as próximas eleições em função de problemas jurídicos. A escassa água que circula na cidade sertaneja e que já vinha esquentando, chegou ao ponto de entornar, queimando a imagem de vários correligionários de Carmelita envolvidos em 'badernas'. As labaredas foram tão fortes que respingaram na prefeita com consequências negativas para a sua campanha.
Do outro lado, a oposição vendo a candidatura de Avelar Ferreira nitidamente crescer dia após dia, enfrentava a incerteza de ter ou não a homologação do seu nome pela Justiça Eleitoral. Uma decisão do Tribunal de Justiça contrária ao nome de Avelar no começo da noite da sexta-feira (25), literalmente “tocou fogo” na cidade. Correligionários de Carmelita Castro começaram a espalhar fake news de uma forma criminosa nos grupos de whats'app e redes sociais aumentando a tensão entre os chamados 'apaixonados’, pessoas que se envolvem além dos limites na disputa eleitoral e perdem a noção das regras.
Prefeita enfrenta uma série de problemas na campanha pela reeleição (Foto: reprodução)
De uma hora para outra a "ameaçadora" candidatura de Avelar Ferreira estaria indo por água abaixo, o que representava uma tábua de salvação para a campanha do Progressistas. A ironia mais espalhada pelos correligionários de Carmelita trazia incubada o impedimento de Avelar e um questionamento: “Quem será o candidato da família Ferreira? Edson ou Ana Galdina?" (irmão e filha de Avelar – grifo nosso), espalhavam pela rede mundial de computadores. Para quem via a campanha pela reeleição de Castro entrando no ralo seria a única chance de virar o jogo.
Enquanto a situação soltava estrondosos e ameaçadores fogos de artifício nas proximidades de residências de pessoas idosas, doentes e crianças depois das 22h, numa suposta comemoração pela decisão judicial que teoricamente afastaria Avelar Ferreira da disputa pela Prefeitura de São Raimundo Nonato, um grupo de advogados da oposição se mobilizavam para fazer o contra-ataque jurídico, como manda a Lei, nos tribunais, e não em disputas, badernas e abusos pelas ruas da cidade.
Para o verdadeiro descrédito e desmantelamento dos seus sonhos políticos, o grupo de Carmelita Castro assistiu ontem à noite, logo após a carreata de lançamento da sua candidatura à reeleição, a publicação e consequente divulgação de uma decisão do Juiz de Direito da 2* Vara da Comarca de São Raimundo Nonato, que anula o Decreto Legislativo 17/2019, que, em contrariedade ao parecer do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, criava empecilhos para o registro da candidatura de Avelar Ferreira.
Com isso, a disputa pela Prefeitura de São Raimundo Nonato volta para o eixo original com três candidatos na concorrência pelos eleitores e seus votos. A polarização continua clara entre Carmelita Castro (PP) e Avelar Ferreira (PSD), mas os eleitores do município também terão a oportunidade de uma terceira chapa formada pelo PSOL através do candidato Juliano Arão.
A corrida política em São Raimundo Nonato anda tão acirrada entre as candidaturas de Avelar Ferreira e Carmelita Castro que ambos os grupos, tradicionais adversários há décadas e décadas, não divulgam pesquisas e isso é sintomático. Está evidente para quem anda, vive ou passa por São Raimundo Nonato que essa disputa, como sempre de costume aconteceu nessa pequena cidade do sertão, é extremamente acirrada, ainda sem prováveis vencedores, mas não se pode esconder embaixo do tapete que muitos fatos favorecem claramente o nome de Avelar Ferreira.
Nas últimas duas semanas pelo menos três conhecidos institutos de opinião púbica aplicaram sondagens eleitorais em São Raimundo Nonato. Todas as pesquisas foram encomendadas por partidos, candidatos ou lideranças políticas que desejam saber a realidade local para definir apoios e indicar estratégias. O estranho é que nenhuma delas foi publicada e isso só pode ter uma única explicação: os dados são complexos.
Significa em linguagem popular que os candidatos devem estar tecnicamente empatados ou muito próximos, como na verdade é possível ver pelas ruas da cidade que está nitidamente dividida. Com isso, quem está na situação evita publicar os dados da pesquisa pois teme enfraquecer ainda mais a sua militância. Já o candidato da oposição que também recebe números apertados, que mostram uma disputa cabeça a cabeça, evita fazer propaganda disso para, como se diz em Minas Gerais, “comer quieto”.
