17/01/2024 às 11h43min - Atualizada em 17/01/2024 às 11h43min

Fazendeiros recebem multa de R$ 4 milhões por crateras nas Serras Gerais

A região, situada na fronteira entre Tocantins e Bahia, faz parte do Matopiba, uma das principais fronteiras agrícolas do país.

Gazeta do Cerrado

Uma série de crateras gigantes tem se manifestado no topo das Serras Gerais, na fronteira entre Tocantins e Bahia, trazendo consigo um rastro de destruição. Com pedras e areia deslizando morro abaixo, agravou-se o assoreamento de nascentes, ocasionado pelo cultivo irregular de soja em solo baiano. Apesar de multas expressivas aplicadas pelo Ibama, que totalizam R$ 4 milhões, a resolução do problema mostra-se esquiva.

O relevo da região delineia uma divisão clara: no ponto mais elevado, onde estão localizadas as plantações, é território baiano; enquanto na área de mata mais preservada, abaixo, situa-se o Tocantins. A problemática vem sendo monitorada há cerca de um ano, desde que moradores denunciaram a presença de água turva em rios que outrora eram cristalinos. A complexidade da situação advém da fronteira, limitando a atuação dos órgãos ambientais estaduais, o que levou o Ibama a assumir a responsabilidade pelo caso.

Leandro Costa, superintendente do Ibama no Tocantins, destaca a característica das propriedades na Bahia, situadas em áreas desmatadas e extensas, com pouco espaço para vegetação nativa. A região faz parte do Matopiba, uma das principais fronteiras agrícolas do país, incluindo também Maranhão e Piauí, onde o cultivo de lavouras, principalmente de soja, gera conflitos recorrentes.
 

As regras que determinam o distanciamento mínimo de 100 metros dos barrancos da serra e proíbem o plantio em áreas de proteção permanente (APPs) foram desrespeitadas, segundo fiscais ambientais. Além das multas e embargos aplicados pelo Ibama, o Ministério Público Estadual identificou 20 crateras preocupantes, sendo uma delas em Lavandeira, cidade a 488 km de Palmas.

O ribeirão que abastece a cidade e outros dois rios foram impactados, prejudicando significativamente o ecoturismo, atividade econômica vital do município. O secretário de meio ambiente do Tocantins procurou uma solução conjunta com o governo da Bahia, embora fazendeiros tenham se comprometido a resolver o problema. A efetividade dessas decisões, no entanto, permanece um desafio.

Marcelo Lellis, secretário de meio ambiente, ressalta a necessidade do governo da Bahia cumprir os pré-compromissos estabelecidos para garantir a eficácia das medidas. O Ibama estima que a área em risco possa ultrapassar mil quilômetros na divisa entre os dois estados.

 


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