17/05/2017 às 14h18min - Atualizada em 17/05/2017 às 14h18min

Governadora Margarete Coelho concede entrevista ao Portal Corrente

Gestora fala dos avanços das políticas públicas para as mulheres no estado, a interiorização do governo e separação do estado

Portal Corrente

A governadora em exercício, Margarete Coelho, assumiu interinamente o cargo no dia 13, com a viagem do governador Wellington Dias à Alemanha. Atendendo na vice-governadoria por conta da reforma do Palácio de Karnak, cumpre uma agenda intensa todos os dias, recebendo as lideranças políticas e resolvendo assuntos inerentes ao cargo, como representar o estado durante a Marcha dos Prefeitos que acontece nessa quarta-feira em Brasília. Entre um despacho e outro, Margarete Coelho concedeu nesta terça-feira (16)  uma entrevista ao Portal Corrente, onde destacou o desafio de uma mulher à frente do executivo, os avanços da políticas públicas para mulheres no estado, hoje referência em todo o país,  e até o seu posicionamento sobre o estado do Gurgueia, tão sonhado por grande parte da população do extremo-sul do estado e visto por alguns líderes políticos como a saída para o desenvolvimento da região. Confira:

PC – Governadora, estando já no terceiro ano como vice-governadora e eventualmente como governadora, a primeira mulher a ocupar tais cargos no estado do Piauí, qual a avaliação que a senhora faz desse contexto?

Eu digo que na questão administrativa, a diferença entre homem e mulher não é tão grande. As responsabilidades são as mesmas, mas a cobrança com relação à mulher é muito maior, o fato de você ser mulher a cobrança vem sempre no superlativo, além das piadinhas pelo fato de ser mulher, sempre tem um ônus a mais. Quando eu assumi o governo do estado pela primeira vez, um cronista disse “de que vale ter uma mulher governadora se o jardim do palácio não está bem cuidado, se o mármore está encardido”, quer dizer, ninguém faria jamais e não fez jamais esse tipo de cobrança aos governadores que me antecederam. Inclusive o próprio governador Wellington Dias, que tinha estado no dia anterior no governo, ninguém lhe fez esse tipo de cobrança. Mas a questão da responsabilidade, a forma de administrar, as decisões que se tem que tomar eu digo que são iguais. As mulheres têm uma propenção maior a dar uma atenção mais especial às questões sociais, como qualidade de escola, qualidade de segurança pública, a questão da urbanização, de mobilidade – ela tem esse olhar mais cuidadoso, por essa questão de zelar, de cuidar, que são verbos que a mulher conjuga muito.

 

PC - Quanto às políticas públicas voltadas para a mulher, aconteceram avanços significativos?

Eu diria que foi uma das áreas que nós mais avançamos, primeiro o estado do Piauí, logo no primeiro trimestre do nosso governo nós criamos o Núcleo de Gênero, que é um observatório das questões de gênero, voltada para o feminicídio, foi o primeiro do Brasil - a lei do feminicídio é do final de março, mas o nosso Núcleo de Feminicídio é do começo de março, quer dizer, antes de haver uma lei federal tratando de feminicídio aqui no Piauí nós já tínhamos um núcleo cuidando disso. Esse núcleo de pesquisa nos permitiu desenvolver inúmeras outras ações voltadas para a defesa da mulher. Primeiro, nós criamos uma Delegacia do Feminicídio, a primeira e única do Brasil até aqui; nós criamos o protocolo do Feminicídio, logo que a lei foi criada - de que forma investiga, de que forma processa – o estado do Piauí foi o primeiro que criou. E esse protocolo de investigação e apuração do Feminicídio tem sido apresentado como modelo para todos os outros estados brasileiros, nós temos levado a nossa experiência para todos os estados brasileiros.

Por último, nós estivemos do Distrito Federal demonstrando como funciona o protocolo, como se investiga feminicídio no estado do Piauí. Ganhamos um prêmio do Forum Nacional de Segurança Pública, que é o órgão que rege essas políticas voltadas para as questões de gênero; recebemos o primeiro prêmio, o prêmio de inovação nessa área, por ter apresentado a política mais criativa, mais inovadora nessa área.

Além disso nós estamos fazendo um treinamento com todas as delegacia do Piauí, porque o que nós queremos é que todas as delegacias sejam  Delegacias da Mulher, pra acabar com esse senso comum de que a mulher só está protegida onde tem uma Delegacia da Mulher. Não é possível que tenha uma Delegacia da Mulher em todos os municípios do Piauí pelo simples fato de que nós temos apenas 30 delegadas mulheres no Piauí e nós não vamos ter 226 delegacias no Piauí titularizadas como Delegacia da Mulher, mas nós temos um protocolo de procedimento, de atendimento e todos os policiais estão sendo treinados e eles já entenderam que há essa diferença, isso é muito importante. Vejamos o exemplo daquele estupro coletivo que houve em Bom Jesus, foi um delegado homem quem atendeu a ocorrência e ele colocou em prática todo o protocolo; então tudo o que uma mulher delegada faria ele fez. É uma semente que já está germinando e mostrando resultados no Piauí. Nós também criamos recentemente o aplicativo Salve Maria, que é um aplicativo que qualquer pessoa pode baixar no celular e tendo uma situação em que uma mulher ou uma criança estejam em situação de violência a pessoa pode acionar a viatura mais próxima para socorrer essa mulher. Esse aplicativo também está sendo adotado em outros estados, então nós temos sido pioneiro em várias políticas de defesa dos direitos da mulher.

 

PC – O extremo-sul do estado está muito distante da capital Teresina, o que inviabiliza a efetiva chegada de muitas políticas públicas, tendo inclusive um movimento separatista muito forte. Como a senhora avalia a questão?

Eu concordo plenamente que o sul do estado do Piauí tem um déficit muito grande com relação à administração pública, inclusive como deputada sempre fui a favor da separação exatamente por isso. As pesquisas indicam que as estradas são as que mais precisam de cuidados, as escolas também, a questão da saúde e nós temos vários serviços que estão centralizados na capital. Por isso nós estamos trabalhando a questão da interiorização, do fortalecimento dos territórios, para que a gente possa chegar cada vez mais com as políticas públicas nesses territórios. O Plano Estadual de Segurança Pública está sendo feito a partir de audiências públicas que estão sendo realizadas em todos os territórios, discutindo a segurança pública com as pessoas. A questão também da defesa da mulher, nós estaremos agendando muito brevemente a nossa ida a Corrente, levando essa discussão para a comunidade, pois de nada adianta nós criarmos políticas públicas que são boas para Teresina, Altos, Campo Maior, mas que não tenham nada a ver com as cidades do sul do estado. Ali nós temos uma região fronteiriça, então nós precisamos de uma polícia de fronteira; nós temos a região do agronegócio, então nós precisamos de uma política que atue no cerrado; então é toda uma peculiaridade que precisa ser vista e uma das formas de suprirmos esse déficit é essa -  levando o debate para os territórios para que sejam implantadas políticas adequadas às características da região.

 

PC – A senhora está governadora desde sábado, dia 13. Como é estar à frente, assumir a cadeira de governadora?

Aumenta a responsabilidade, mas nós temos uma equipe de trabalho que está trabalhando de maneira muito forte e intensa, muito bem coordenada pelo governador Wellington Dias no sentido de que haja uma comunicação constante. O desafio é esse, é manter essa governança atualizada, em dia manter o ritmo forte do governador, que ele implantou desde o primeiro dia de governo para que o Piauí não perca uma única oportunidade.

Amanhã teremos a Marcha dos Prefeitos em Brasília, com uma agenda muito intensa, que inclui um encontro com o presidente do senado, agenda com os governadores do nordeste, com os prefeitos do nordeste, para que nós estejamos atentos a todas essas possibilidades de desenvolvimento, para que as políticas públicas do Governo Federal não sejam subfinanciadas aqui na região, para que a gente possa dar conta delas. Nós estamos com o programa Criança Feliz, por exemplo, nós temos que cuidar para que o repasse de recursos chegue a cada um dos municípios, para que todos os municípios se engagem nesse programa. No Piauí, 176 municípios estão integrados ao programae nós temos que ir atrás do restante para saber por que não aderiram, pois bem ou mal é um recurso a mais que entra – é pouco?- é!, é subfinanciada a política? –é!,mas cada real que for para chegar aos nossos municípios, para beneficiar as nossas crianças ele tem que chegar. Então é isso,  nós vamos atrás de cada oportunidade, para não perdermos nenhuma delas, para que nós possamos manter o Piauí nessa situação, um dos mais organizados política e administrativamente do Brasil!


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