23/06/2013 às 14h38min - Atualizada em 23/06/2013 às 14h38min

Dr. Raimundo Santana vai ao Rio de Janeiro participar da Jornada Mundial da Juventude

Excursão tem como principal objetivo inspirar a solidariedade no povo correntino

Portal Corrente

O Dr. Raimundo Santana comemora neste dia 31 de julho 25 anos que mora em Corrente. Para comemorar estes 25 anos de luta e defesa pelos pobres, bandeira que leva incondicionalmente em sua vida, Dr. Raimundo resolveu dar um presente a Corrente, uma viagem ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude, que contará com a presença do Papa Francisco, sendo que pretende levar 44 pessoas de diferentes contextos sociais de Corrente e região, além da Orquestra Sanfônica da Santa Marta.

Polêmico e irreverente, Dr. Raimundo afirma que não voltará do Rio de Janeiro sem uma foto do Papa com a delegação de Corrente. Para a realização do feito, Dr. Raimundo tem percorrido todo o estado em busca de patrocínio, e nem considera a hipótese de não conseguir. Lá pretende mostrar um pouco do Piauí e fazer contato com ONGs do mundo inteiro.

A entrevista é emocionante, pois o médico oftalmologista surpreende pela paixão que possui em lutar pelos pobres, desfavorecidos, esquecidos, colocados a margem da sociedade por causa da falta de solidariedade do ser humano. Aliás, Dr. Raimundo dá uma aula de solidariedade, onde nos sentimos pequenos diante da sua grandeza.

Dr. Raimundo, sobre a Jornada Mundial da Juventude... o senhor realmente pretende ir ao Rio de Janeiro?

Eu já tenho um ônibus de 45 lugares garantido para ir ao Rio de Janeiro, e nós não vamos lá para fazer turismo. Sendo Corrente uma cidade cultural,  de uma cultura religiosa muito forte, com a atuação da Igreja Batista e da Igreja Católica, além de todas as outras igrejas, Corrente não poderia ficar de fora deste grande evento mundial. Também partindo do princípio que neste ano a Campanha da Fraternidade tem como tema “Juventude e Fraternidade”, e a juventude do mundo inteiro está sofrendo, assim como a de Corrente, pelo desemprego, pela falta de oportunidade de estudo. No dia 31 de julho eu completo 25 anos que moro em Corrente e por isto eu escolhi dar este presente à juventude desta cidade e eu espero receber presente de quem possa colaborar. Estarei no Rio de Janeiro, com o ônibus lotado ou não, inclusive com os meus queridos sanfoneiros da Santa Marta, e farei o Papa Francisco dançar forró!

E quem serão estes 45 privilegiados?

Não serão privilegiados, na verdade serão voluntariamente forçados (risos) a serem missionários, a serem membros do serviço voluntário de Corrente. Nós falamos em pobreza, em falta de recursos, mas você já pensou se cada jovem que bebe cerveja economizasse o equivalente financeiro a um copo para dar a um pobre, se aquele que sabe cortar cabelo, aquele que sabe fazer unha, aquele que sabe costurar, que sabe bordar, enfim, o objetivo é criar uma consciência de voluntariado e cidadania. O maior valor de uma pessoa não é o dinheiro que ela tem, mas a vontade que ela dispõe para mudar pacificamente uma sociedade.

Os critérios serão muito duros. Eu vou querer, por exemplo, dois jovens do Morro do Pequi, independente de ser “betéu” ou “macaco”, independentemente de cunho partidário. Dois jovens do Vermelhão, da Vila Nova, do Aeroporto 1 e 2, um jovem de Cristalândia, um de Gilbués, um de Barreirinhas, um de Santa Filomena, para iniciarmos um processo de integração regional.  Eu sou um brasileiro, nunca desisto de nada, eu tenho esta determinação, como de Willian Sheakspeare, que diz que “o futuro do homem não está nas estrelas, nem distante, nem inalcançável. O futuro do homem está na sua vontade.” O próprio Deus que estará na Jornada Mundial da Juventude diz: ”paz na Terra aos homens de boa vontade”. E eu não tenho só boa vontade. Eu sou a boa vontade! Quando eu quero uma coisa, eu bebo a água da Lagoa de Parnaguá todinha mas eu não desisto! Eu derrubo o Morro do Papagaio a picareta mas não desisto! E quem quiser atrapalhar a minha vida com calúnia e deboche, eu estou pouco me lixando!

A  população de Corrente é solidária?

É, mas essa solidariedade está adormecida, latente. Ela é uma condição inerente ao ser humano. Eu vou citar o exemplo da menina que sofreu um acidente há uma semana na dita cuja moto. Essa moça, que foi atendida pelo SAMU Aéreo, programa que foi criada pelo governador Wilson Martins numa atitude muito digna e corajosa, e que inclusive já perdeu um filho por trauma e não quer que ninguém perca a vida por falta de atendimento, veio até Corrente, onde o SAMU daqui, mesmo com todas as suas dificuldades fez um atendimento perfeito, o hospital também. Ela foi numa viagem de duas horas para Teresina e lá chegando teve o melhor atendimento possível, apesar da gravidade de seus traumas.  E eu estou falando nisso porque estamos falando em solidariedade. Ela existe e é a coisa mais bonita do mundo e todo jovem é solidário por natureza. Então eu quero aqui homenagear a todos que ajudaram, na pessoa do Dr. Gerardo Vasconcelos de Mesquita, que apesar de ser filho de pais ricos é um homem rico de coração e jamais deixou os filhos pobres de Corrente sem atendimento. Depois disso a Karla foi transferida para o HUT, dirigido por outro homem esplêndido, o Dr. Gilberto Albuquerque. O prefeito Jesualdo Cavalcanti , fora da condição de prefeito, me pediu pessoalmente que fizesse tudo o que fosse possível para salvar a jovem Karla. E nisso tudo, quem somos todos nós? Não somos nada, quem realmente fez algo aqui foi a solidariedade. A mãe dessa menina, que há um ano perdeu um filho da mesma forma e não teve a mesma sorte de ter um SAMU para atender, um Hospital para atender e nem um SAMU Aéreo como teve sua filha Karla,  vai receber três alugueis pagos por alguém que pretende lhe dar uma casa, pois entende o sofrimento dessa mãe. Então eu estou feliz, não porque a menina morreu, mas porque eu vejo todos os dias a solidariedade chegando à porta dessa mãe, seja com um quilo de alimento ou com um abraço a uma mãe chorosa. A solidariedade existiu e existirá, todos os dias chegam pessoas que querem ajudar.

Solidariedade depende de religião?

Não, solidariedade depende de coração. Religião é apenas uma forma que a gente encontra de se congregar. A única religião do mundo é o amor, a fé, a esperança, a caridade, a justiça. Ser bom, dar uma camiseta, uma calça, uma bolsa, um quilo de comida é fácil, difícil é ser justo. Aparecer na mídia como bom é fácil, o difícil é ser justo!

O que o senhor pretende na Jornada Mundial da Juventude?

Eu pretendo resgatar valores cristãos, como por exemplo, a solidariedade. Se nós analisarmos, nós temos situações aqui em Corrente, por exemplo, de um idoso que mora lá no Aeroporto e faz 30 anos e não encontra o seu amigo que mora lá na Jacolândia. Por que? Porque não tem um jovem solidário com uma moto que vá pegar o seu José lá na Jacolândia e levar para ver a dona Mariazinha lá no Aeroporto. Tão fácil, tão simples. Cada um que ganha o seu salário garantido pode desenvolver a solidariedade, o voluntariado. Não precisa ser rico, porque não te a ver com dinheiro. E também não precisa esperar pelo poder publico, pois uma “andorinha só não faz verão”, assim como um prefeito sozinho não faz uma cidade.

A viagem vai despertar a solidariedade, o serviço de voluntariado e o movimento para a interiorização de profissionais da área da saúde. Como a população pode incentivar médicos a virem pro interior, porque não é por dinheiro que os médicos vêm pro interior. Trabalhar como médico no interior é uma vocação.

Nós também iremos discutir sobre a mobilização popular pelo Hospital Regional de Corrente. Quem tem que tomar de conta do Hospital de Corrente é o povo, que dele precisa e dele se serve. Não se tem que culpar os médicos pelas dificuldades, e eu aqui não estou defendendo a minha classe, mas sim a dignidade. Como eu já disse, ser bom é fácil, o difícil é ser justo. E sem justiça não há dignidade. O Hospital de Corrente tem jeito, vai ter jeito e eu quero dizer que ele não pertence a grupos políticos. Nem que eu estraçalhe a outra banda do meu coração, o Hospital de Corrente vai consertar.  A coisa mais fácil que tem é de dar jeito no Hospital de Corrente, mas acontece que lá tem dono demais. Tem gente que pensa que lá é a cozinha da própria casa, tem político que pensa que ele foi feito pra dar emprego, e ele não é balcão de emprego. O Hospital de Corrente já foi condenado pelo Supremo Tribunal a devolver 1 milhão de reais, e eu tenho a cópia deste documento. É uma vergonha, o Ministro Joaquim Barbosa, que não conhece Corrente, chegar e dizer “trata-se de um dos maiores exemplos de corrupção, de um estado pequeno, pobre, de uma cidade atrasada, trata-se de um dos maiores exemplos mundiais de corrupção e má administração”.

Na Jornada Mundial nós vamos encontrar grupos de alemães, italianos, espanhóis que querem conhecer Corrente. Uma oportunidade para o comércio de Corrente, para o turismo de Corrente, e nós vamos tratar com Organizações Não Governamentais que lá estarão e que querem investir em Corrente. Nós vamos nos encontrar com instituições que lutam para prevenir o uso de drogas ou para tratar os drogados.

Nós vamos lutar pelos valores das famílias. Quantas famílias estão neste instante infelizes, por causa de um casamento ruim, por causa de um filho que está nas drogas. Nós vamos lutar pelo esporte em Corrente e se o esporte estiver presente em Corrente, tanto na zona urbana quanto na zona rural, o comércio melhora, o jovem se afasta da droga. Então é tudo isso a Jornada Mundial da Juventude, e é por isso que eu quero levar pessoas de diferentes lugares, que sejam meus amigos, que tenham me ajudado nestes 25 anos de luta.

Que dia vai sair a excursão?

Dia 16 começa a Exposição aqui em Corrente, que vai até o dia 21. Dia 21, ao meio dia, nós vamos almoçar por conta do Dr. Hélio Paranaguá, e ele ainda nem está sabendo disso! (risos). Eu já escalei um de meus melhores amigos, uma pessoa que eu acredito em todos os sentidos, religioso, cultural, empresarial e sobre tudo como atleta que ele sé. Saímos daqui às 3h da tarde, que é a hora da misericórdia divina, quando nós vamos nos reunir dentro do ônibus e rezar o terço da Divina Misericórdia de Santo Agostinho. Chegaremos às 6h do dia 22 em Brasília, onde tomaremos um café da manhã patrocinado pelo meu amigo, que é daqui de Corrente,  Dr. Evandro Reis, um dos maiores nefrologistas do Brasil e um dos maiores agropecuaristas do país. Passamos o dia em Brasília e seguimos à noite para o Rio de Janeiro. Chegaremos lá junto com o Papa, e levaremos um tapete vermelho. E eu vou tirar uma foto da delegação de Corrente com o Papa e se eu não conseguir essa foto nem mais aqui eu venho.

O senhor tem noção de quantas milhões de pessoas vão estar lá?

Sim, mas eu tenho noção de quem eu sou. Não existem dois Raimundinhos. Então, chegaremos ao Rio de Janeiro e iremos contemplar a beleza do Cristo, as montanhas que cercam o Rio e os morros.

Nesta viagem eu também estarei cumprindo uma promessa. Dia 31 de julho eu estarei cumprindo 25 anos que eu moro aqui, e apesar dos caluniadores eu sinto muita energia e amor em Corrente. Eu já pedi à minha família que quando morrer eu quero ser enterrado em Corrente, numa cova simples, o único latifúndio que eu quero para mim. As poucas riquezas  que eu tenho não me pertencem, pertencem a Deus e o que é de Deus ao povo pertence.

Saímos do Rio de Janeiro dia 28, às 2h da tarde, e chegamos dia 29 à noite em Corrente. Dia 30 eu vou atender a pessoas especiais, que são os cobradores (risos), e peço a eles para terem piedade de mim porque eu vou pagar, de alguma forma eu vou pagar. No dia 31 eu então faço 25 anos de Corrente e neste dia eu não vou cobrar uma consulta no meu consultório, todas serão de graça. É uma forma de eu pagar o que Corrente me deu.

Quero fazer uma série de agradecimentos, tanto para aqueles que irão me ajudar nesta viagem quanto para aqueles que me ajudaram ao longo destes 25 anos de luta.

Para realizar tudo isso eu tenho apoio incondicional de João Barros, dona Luzia, que é sua esposa, Jesualdo e dona Socorro. Quero aqui agradecer à colaboração de Filemonzinho,  à Universidade Federal do Piauí, em nome da minha amiga falecida num acidente trágico, Estelita Guerra de Macedo, quero agradecer ao Silvio Leite, ao meu amigo chato, mal educado mas extremamente humano, Arimatéia Azevedo. Quero agradecer sobre tudo aos meus pais, pobres, humildes, sofredores, que nunca reclamaram de ter que formar um filho e ter que cuidarem dos outros e até hoje eu não tive que ajudar um irmão meu, porque enquanto eu cuido dos pobres, Deus cuida da minha família. Minha família nunca passou por problemas porque eu os entreguei nas mãos de Deus. Aliás, eu ando bem presunçoso, cheguei pra Deus e disse “ó velhinho, vai descansar e deixe os impossíveis para mim”. Mas isso para Deus não existe. As impossibilidades do homem é a oportunidade que Deus quer. Deus só quer isso, que quando a gente chegue no limite do impossível ele chega e diz: “sai do meio, deixa comigo!”.

Quero agradecer a todos os antigos médicos do Hospital Oftalmológico do HGV. Quero agradecer aos grandes mentores do Projeto Catarata, Dr. Nilto Carlos José, meu pai, chefe da Unicamp e da USP, e meu pai, Dr. João Orlando Ribeiro Gonçalves.

Quero agradecer ao governador Wilson Martins, que está por trás de tudo isso, e dizer que eu estou sentindo falta da dona Lílian, sua esposa, que é hoje para mim uma das maiores enfermeiras que o Piauí já viu. Lamento que ela tenha ido para o Tribunal de Contas, lamento e ao mesmo tempo estou feliz porque lá haverá seriedade. A dona Rejane Dias, que já fez muito por Corrente, o Senador Wellington Dias, o Deputado Jesus Rodrigues, ao Deputado Federal Assis Carvalho, que já me ajudou, Deputado Marcelo Castro, que também já me ajudou, ao ex Ministro dos Transportes, João Henrique de Almeida Souza, Dr. Telmo Gomes de Mesquita, ex-secretário de saúde, grande pediatra e amante dos pobres, grande amigo meu, o vice- governador José Filho, esse é que vai me ajudar mesmo. Quero agradecer ao Magnum Cerqueira, jornalista e assessor  do Governador, ao Secretário de Comunicação Fenelon Rocha,  quero agradecer ao meu amigo Sérgio Miranda, ex-secretário de planejamento que me incentiva da melhor forma possível com a palavra amiga e sincera, enfim, eu sei que todos os meus amigos estão felizes com a minha felicidade. E sei que esqueci muitas pessoas, mas de coração, considerem-se agradecidos.

 

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