15/09/2018 às 20h56min - Atualizada em 15/09/2018 às 20h56min

História da Igreja Matriz de Corrente

Por Janio Rocha Modesto

Portal Corrente
Janio Rocha Modesto
A história da Igreja Matriz, hoje localizada na Praça Padre Eliseu, remonta ao final do século 19 e início do século 20, com a construção da primeira capela católica na Vila de Nossa Senhora da Conceição do Corrente.
 
Iniciada em 1888, graças à verba testamentária legada pela baronesa do Parahym, D. Inácia da Conceição Nogueira, foi inaugurada festivamente em 7 de dezembro de 1892, com as benção de D. Antonio Cândido de Alvarenga
[1], a nova igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída no canto oriental da atual praça Dr. Joaquim Nogueira Paranaguá, mesmo lugar onde hoje se localiza a Igreja Batista, com a igrejinha do lado oposto da Praça, primeiro templo Batista do Piauí.
 
Registre-se que D. Inácia da Conceição, era esposa do Capitão José da Cunha Lustosa, falecido aos 62 anos, deixando numerosa prole, destacando-se os filhos José da Cunha Lustosa, Barão de Parahym, João da Cunha Lustosa, visconde e depois Márquez de Paranaguá e José Lustosa da Cunha que viria a ser, mais tarde, Barão de Santa Filomena.
 
A família Cunha Lustosa, chegou a Paranaguá em 1757, com o propósito de povoar e desenvolver a região conhecida como Brejo do Mocambo fixando-se na Lagoa dos Golfos, como estratégia da Coroa Portuguesa, cabendo ao rei de Portugal D. José I, conceder ao Capitão-mor João da Cunha Lustosa o título de Coronel e a Carta de Sesmaria da região, abrangendo muitas léguas de terras, dedicando-se à criação de gado. (uma lega de terras equivale a 4.256 ha).
 
Sob a responsabilidade e coordenação do padre Eliseu César Cavalcante, teve inicio as obras de construção da nova igreja, agora não mais na Praça Joaquim Nogueira, mais na nova praça da igreja, que segundo narrativa de Jesualdo Cavalcanti, em Memórias dos Confins
[2], realizava-se a feira municipal aos sábados.
 
Padre Eliseu César Cavalcante que dá nome a praça da matriz, filho do coronel José Messias Cavalcante, foi ordenado padre em 1876, juntamente com outro filho ilustre da cidade, padre Augusto Francisco Nogueira, filho do comendador José Francisco Nogueira Paranaguá, pelo Seminário de São Luís do Maranhão.

 
 
Com a morte do padre Eliseu César Cavalcante em 1920, na localidade Riacho dos Bois, foi sucedido pelo eminente padre Raimundo Bolados Carter, que mandou demolir as duas paredes laterais que apresentavam rachaduras e ameaçava ruir, com riscos aos fiéis que ali se reuniam para as missas, casamentos e batizados.
 
No ano de 1952, o eminente padre cearense, José Anchieta de Alcântara Melo, reinicia as obras de construção no mesmo local onde funcionava provisoriamente na Capela de São José, sendo inaugurada definitivamente em 08 de dezembro de 1954, dia consagrado às celebrações dedicadas a  Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade.
 
Em 1966, apos intenso período de chuvas, as precárias condições da torre não resistiram aos temporais e desabou totalmente, por pouco não atingindo o Sr. Salomão Cavalcante, pai de D. Gitinha, que há poucos minutos achava-se sentado na porta da sua residência no lado oposto da rua.
 
Sua reconstrução coube ao Padre Ramón López Carrozas, recém chegado da Espanha para assumir a paróquia, que contando com a ajuda dos paroquianos em contribuições voluntárias de materiais e mão-de-obra, foi reerguida novamente agora com a frente voltada para a praça, sua configuração atual. Mais tarde, padre Carrozas é elevado a categoria de Bispo Prelado, com o nome eclesiástico de Dom Ramón, permanecendo na Arquidiocese de Bom Jesus até sua morte em 2018, sendo sucedido pelo atual bispo, Dom Marcos Tavoni.
 
Assim se transcorre a história da construção da nossa Igreja Matriz, imponentemente fincada na Praça Padre Eliseu, reluzindo nos cartões postais da nossa amada Corrente.
 
 
[1] D. Antonio Cândido de Alvarenga, bispo da Diocese do Maranhão, vez que a do Piauí só seria instalada em 1906.
[2] BARROS, Jesualdo Cavalcanti, Memória dos Confins, Teresina, Gráfica do Povo, 2005.
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