15/02/2014 às 19h41min - Atualizada em 15/02/2014 às 19h41min

O improvável Governador do Piauí

Por Pedro Rodrigues

Pedro Rodrigues

Ontem, por volta das 8 horas da manhã, liguei para o jornalista Zózimo Tavares. A minha motivação foi agradecê-lo o serviço que prestou à sociedade piauiense ao lançar seu mais recente livro "Aprendiz de Feiticeiro - De como o PT chegou ao Governo do Piauí e, uma vez no poder, meteu os pés pelas mãos". Arvorei-me ainda em falar e agradecer em nome da juventude. Muitos de minha idade, não conheciam uns tantos nem sabiam outros tantos do que se passou nos dois turbulentos governos petistas no Piauí, comandados pelo antes acreditado Wellington Dias, que prometia revolucionar o estado com práticas tão bem defendidas por ele quando iniciou carreira política nos anos 1990.

Se FHC publicou o livro "O improvável Presidente do Brasil" em depoimentos a Brian Winter, o petista precisa ganhar uma biografia com um título adequado para "O improvável Governador do Piauí". E fica apenas nisso, claro! A infeliz comparação foi apenas para lembrar que não fosse a imprudente força messiânica de Mão Santa, ex-governador e ex-senador, o jovem utópico que contava 40 anos de idade, cheio de sonhos, jamais teria sido eleito governador do estado: o primeiro petista no Nordeste, e o segundo homem, depois de seu mais forte cabo eleitoral, a derrotar Hugo Napoleão e um esquema "imbatível" - pelo menos não naquela época e circunstâncias.

O experimentado parlamentar petista que foi vereador, deputado estadual e depois federal, tinha outras metas e planos para 2002, como candidato ao Senado antes de seu partido o empurrar como candidato majoritário rumo ao Governo. A situação da candidatura foi mudada no segundo tempo do jogo. O professor e a seguir suplente de deputado federal Roberto John, agora seria o candidato enquanto Wellington percorria o caminho vitorioso que já conhecemos, pois, uma vez sem alternativas, Mão Santa o apoiou e deu no que deu!

Voltando ao livro de Zózimo, lhe falei por telefone que muitas coisas acontecidas aqui no meu próprio Piauí, eu nem lembrava ou sabia, porque era muito jovem ao tempo. Dizendo isso, Zózimo retrucou: - Nem eu lembrava. E olhe que acompanhei tudo!

A confissão do escritor de “Aprendiz de Feiticeiro” me causou certa preocupação da qual não cessa de martelar na mente repetindo o mesmo pensamento: imaginando como deve desconhecer tudo isso o resto do Piauí!

Hoje com 23 anos de idade, quando Wellington Dias assumiu o Estado e junto com ele os inúmeros poderes de que iria se prevalecer por quase uma década, eu contava incompletos 13 anos (por ironia, o número do Partido dos Trabalhadores nas urnas). É notável que nessa idade estejamos todos destinados a cometer bobagens habituais de menino que é fazer muita danação e não se preocupar principalmente com o que é alheio. Portanto, semelhantes ao PT.

Zózimo nos trás de volta à lucidez com um repertório dinâmico de artigos compreendendo toda uma década de Piauí sob o PT. Os artigos agradabilíssimos de ler reúnem desde fábulas de Esopo a contos de Monteiro Lobato, não só para ilustrar os artigos, mas acalmar o terreno antes de iniciar o terremoto de construtivas críticas. Os textos também envolvem muitos dados, imprescindíveis no ofício jornalístico.

Esta é a sua receita de sucesso ou de problemas, que de maneira implacável não perdoa gregos nem troianos. Muito menos petistas. Antes que eu vá esquecendo, o autor é aficionado pela obra de Lima Barreto, o que pode explicar ou não a verve desconcertante iniludível para criticar o(s) poderoso(s) de plantão seja(m) ele(s) quem for.

Reforço a lembrança que Zózimo lança mão de todos estes escritos num momento crucial - onde os eleitores poderão escolher o seu melhor caminho: reaver o tempo perdido e dar o troco em outubro próximo. Mas sabemos que no fim duas opções nos restarão: se resignar ou se indignar. Estou confiante em apostar que não nos resignaremos! As pesquisas por enquanto indicam o favoritismo daquele que começou sua campanha, antecipada (o que configura por si só crime eleitoral e carece de investidas do Ministério Público), e “deixou um estado sem perspectivas e fadado ao fracasso”. Mas tenho plena certeza que haverá tempo suficiente para reverter o quadro atual, tudo para o bem do Piauí e dos piauienses.

 

* Pedro Rodrigues é jornalista


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