14/10/2017 às 12h52min - Atualizada em 14/10/2017 às 12h52min

Carta ao amor (que não quero que vá embora)

Por Gabriela Aguiar

Portal Corrente
Gabriela Aguiar
 
Minha querida,
 
            Teus olhos já não refletem mais os nossos dias ensolarados de domingo. Mas lhe peço meu amor, que não os esqueça. Mesmo que dentro de ti haja uma tempestade furiosa, gritando aos teus ouvidos que nada valeu a pena.
            Escrevo esta pequena carta como uma súplica, dessas que saem baixinhas, mescladas com palavras simples, mas com muitos significados que nós dois conhecemos muito bem. Elas fluem do meu coração, assim como toda a sinceridade que contém aqui.
            Não sei exatamente qual foi o ponto que as coisas começaram a ficar diferentes. Não sei em qual dia tomaste a decisão de desistir da nossa vida como um casal e resolveste deixar para trás todos os nossos planos, sonhos e ambições.
            É bem certo que já não somos tão jovens assim. Ainda mais quando filhos nos implicam responsabilidades ainda maiores e nos fazem amadurecer mil degraus em pouquíssimo tempo.
            Quero declarar aqui o que deixei de dizer em muitos dias, por pressa, rotina e falta de cuidado e por este último motivo, peço milhões de desculpas. Você foi (e continuará sendo) uma das peças mais fundamentais na minha vida. Me trouxe alegria, paz, conforto e segurança. Apoiou-me nos momentos mais difíceis, aqueles que eu pensei que não aguentaria...  Permaneceu sempre ao meu lado, assim como eu estive ao seu.
            Acima de tudo, você provou para um cético (incorrigível e teimoso), que o amor existe sim e que se demonstra de várias maneiras possíveis. Inclusive, quando se dança sem gostar de dançar. Tudo isso pelo prazer de ver o teu sorriso e de te fazer se sentir bem. Por falar nesse assunto, também peço desculpas por não ter provocado tantos risos quanto eu gostaria.
            Admiro a mulher que você se tornou, forte e decidida. Sem perder a ternura, uma característica que é tão sua... Tão peculiar e sua! Admiro o pulso e o carinho com o qual você criou os nossos filhos, mesmo que muitas vezes a tarefa de dizer não ficasse para mim (você considerava difícil demais quebrar a magia daqueles olhinhos travessos e suplicantes). Admiro a profissional competente. Admiro o seu bom humor. Admiro de muitas formas diferentes.
            E agradeço também. Por ter segurado a minha mão, por ter me amado de uma forma tão serena, por ter me dito sim. Agradeço pelas brigas também (as necessárias). E por todas as reconciliações.
            Peço-te apenas que não desista de mim. Eu sei que os nossos sentimentos não mudaram e sei que você (mais do que ninguém) acredita que o amor é maior do que qualquer outra coisa, até mesmo do que os desencontros da vida.
            Amo você e não vou esquecer as coisas boas, prometo. A vida já é complicada demais para perder tempo com amarguras.
 
           Com amor,
 
          
           Luís.
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